A Associação dos Municípios da Região Centro (AM Centro) contabiliza que a decisão do governo cubano de se retirar do Mais Médicos irá desguarnecer a atenção básica da saúde de 33 municípios da região. Ao todo, são 35 cubanos que há cinco anos e meio atuam na Região Central. O número representa 5,6% dos mais de 600 profissionais estrangeiros do Mais Médicos — lançado em 2013 pela União — e que estão na linha de frente junto aos postos de saúde do Rio Grande do Sul.
Desde que chegaram ao centro do Estado, os cubanos já prestaram mais de 1,4 milhão de atendimentos à população que precisa do Sistema Único de Saúde (SUS). Os números foram detalhados à reportagem pelo prefeito de Santiago e presidente da AM Centro, Tiago Lacerda Gorski:
— Se cria uma lacuna temerária e que deixa a todos nós apreensivos com os desdobramentos e as consequências dessa decisão. Basta citarmos que os municípios menores são, justamente, aqueles que mais precisam desses profissionais. Eles atuam porque, na maioria das vezes, os médicos brasileiros acham insuficientes os valores oferecidos pelas prefeituras.
Frente ao cenário que se coloca, o presidente da AM Centro e prefeito de Santiago — que conta com um médico cubano — avalia a possibilidade de realizar uma comitiva a Brasília na tentativa de se achar uma solução diante do fim de acordo de cooperação entre os países:
— O que sabemos é que, nos próximos dias, o governo federal irá lançar um edital para suprir essas vagas. A ideia é que sejam chamados médicos que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos cubanos. A sinalização é que tenhamos a convocação prioritária dos candidatos brasileiros formados aqui no Brasil seguida de brasileiros formados no Exterior.
Um médico cubano realiza, em média, 24 atendimentos por dia nos mais de 30 municípios da AM Centro. O impacto, segundo o prefeito, pode ser sentido no município de São Vicente do Sul, onde 6 mil dos dos 8,4 mil habitantes têm na atenção básica da saúde — prestada por três profissionais cubanos — o único acesso a atendimento médico.
Já em Santa Maria, no maior município do centro do Estado e que tem mais de 280 mil habitantes, são duas médicas cubanas que trabalham na Estratégia de Saúde da Famílias em postos da cidade e da zona rural.