O vice-presidente de saúde da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Beto Preto, demonstrou preocupação com a decisão de Cuba de sair do programa brasileiro Mais Médicos. Também prefeito de Apucarana (PR), Preto diz que a entidade foi "pega de surpresa" e espera que o presidente eleito Jair Bolsonaro encontre uma solução para suprir a perda dos profissionais.
— Acreditamos que é importante mostrar isso à equipe de Bolsonaro, com bastante respeito, porque é importante que não podemos passar por essa lacuna — disse o representante durante entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quinta-feira (15). — A regra de substituição é muito lenta. Uma vez interrompida a missão cubana no Brasil, nós vamos ter uma dificuldade de pelo menos um semestre — completou.
Ouça a íntegra da entrevista:
Segundo Preto, de "5.570 municípios, 3.228 têm médicos apenas no Mais Médicos", "em sua maioria pelos profissionais caribenhos". Ainda, de acordo com o parlamentar, 90% da população indígena brasileira é atendida pelo programa.
— É um momento de muita preocupação para os prefeitos. Atinge tanto município pequeno que tem apenas um médico do programa, principalmente cubano, como também atinge toda a população de uma maneira direta — enfatizou.
Na tarde de quarta (14), Cuba afirmou que irá solicitar o retorno dos mais de 11 mil médicos cubanos que trabalham hoje no Brasil após Bolsonaro questionar a preparação dos especialistas e condicionou a permanência no programa "à revalidação do diploma", além de ter imposto "como via única a contratação individual".
O presidente eleito, por meio do Twitter, classificou como "irresponsabilidade" a medida do Ministério da Saúde de Cuba de suspender o vínculo:
"Condicionamos à continuidade do programa Mais Médicos a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou. Além de explorar seus cidadãos ao não pagar integralmente os salários dos profissionais, a ditadura cubana demonstra grande irresponsabilidade ao desconsiderar os impactos negativos na vida e na saúde dos brasileiros e na integridade dos cubanos", escreveu Bolsonaro.