O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, disse nesta sexta-feira (16) que sugerirá à equipe de transição entre os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro que as vagas abertas com a saída dos médicos cubanos do Brasil sejam preenchidas por profissionais formados com recursos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Cuba decidiu se desligar do programa Mais Médicos na última quarta-feira (14), uma decisão que deve afetar 3,2 mil municípios do Brasil, de acordo com a Frente Nacional dos Prefeitos.
Segundo Occhi, o tema foi analisado por técnicos e deve ser agora debatido em nível político.
— Uma das propostas que nós vamos apresentar é essa. Assim como outras com as quais estamos trabalhando, não só na questão do Programa Mais Médicos, mas também de outras questões do Ministério da Saúde — disse Occhi ao participar da cerimônia de inauguração das instalações do Centro Especializado em Reabilitação (CER IV), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
O ministro não detalhou a proposta que será apresentada à equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro.
O Fies é um fundo de financiamento para estudantes de que não têm renda suficiente para pagar as mensalidades cobradas em universidades particulares. Um período depois de formados, os estudantes passam a pagar os valores financiados. O montante a ser pago varia de acordo com a negociação prévia feita no momento da matrícula.
Exigências
O ministro disse que será lançado até a próxima terça-feira (20) o edital para a contratação de médicos nas vagas que surgirem com o desligamento de profissionais cubanos. Eles devem ser substituídos por médicos brasileiros.
— Em um segundo momento, depois de um determinado período, vamos abrir para os médicos brasileiros formados no Exterior. Acreditamos que existe um universo de cerca de 15 a 20 mil médicos aptos a participar do edital. A nossa ideia é fazer isso imediatamente ainda agora em novembro nós já temos médicos que tenham condições já escolhendo seus lugares para trabalhar.
Vagas
Occhi indicou ter certeza de que as vagas serão ocupadas, ainda que em chamadas iniciais para o programa os médicos brasileiros não tenham apresentado grande interesse em participar.
— Acredito que sim (as vagas serão ocupadas), até porque, no último edital que fizemos no ano passado, tivemos mais de 20 mil inscritos brasileiros. Depois, eles não foram para os lugares, aí utilizamos em uma segunda chamada o médico estrangeiro. Acreditamos que sim, já que essa é uma grande oportunidade."
De acordo com o ministro, o governo federal vai atuar em parceria com os municípios e a sociedade médica de uma maneira geral.
— É uma ação que o governo federal vai capitanear, mas há um envolvimento de todos — Segundo ele, ainda não foi definido um cronograma de saída dos profissionais cubanos do Mais Médicos:
— Não tem uma definição. Isso é uma decisão do governo de Cuba de retirá-los. Nós estamos trabalhando de forma emergencial, para que na medida em que o médico cubano saia, ele tem a decisão de sair, mas que a gente tenha outros profissionais brasileiros que possam ocupar este lugar.