A Serra Gaúcha teve 429 acidentes graves de trabalho nos cinco primeiros meses de 2018, uma média de 2,8 por dia. Os casos correspondem a 49 municípios e se tratam de ocorrências em que o trabalhador precisou ser hospitalizado, quando teve amputação ou mutilação de algum membro ou sofreu queimaduras graves, as mortes de trabalhadores e todos os acidentes com adolescentes. Só em Caxias do Sul, foram 321 casos, uma média de cerca de dois por dia. Os números foram compilados pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador da Serra Gaúcha (Cerest Serra).
A região teve aumento de 25% nos casos entre 2016, quando foram 756 registros no ano, e 2017, com 948 casos. Neste ano, o ritmo já está maior e, se a média permanecer, o número de casos ao final de 2018 passará de mil.
O coordenador interino do Cerest/Serra, Glediston Perottoni, afirma que a própria reforma trabalhista tem relação com o aumento. Segundo ele, como a nova legislação permite que as empresas demitam funcionários e depois os recontratem como autônomos, com CNPJ, essa mudança na relação tem feito com que a prevenção dada ao trabalhador pela empresa, na prática, seja menor, embora legalmente isso não pudesse ocorrer.
Outro fator apontado pelo coordenador é um fenômeno ainda presente desde o início da crise econômica: mais pessoas trabalhando em negócios próprios ou de forma autônoma. Com isso, os cuidados tendem a ser menores. Perottoni enfatiza que os dados do Cerest, diferentemente do INSS, não contabilizam apenas trabalhadores de carteira assinada, mas também autônomos e proprietários de empresas.
Indústria puxa número de acidentes
Principal motor econômico da região, a indústria de transformação teve 1.328 casos de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho em 2017. No comércio, foram 454 casos e, em atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados a empresas, foram 356 ocorrências.