Prédios de Passo Fundo, no Norte gaúcho, foram esvaziados na manhã desta segunda-feira (2) após moradores sentirem tremores. Conforme o Corpo de Bombeiros, o incidente durou cerca de 30 segundos, mas não deixou feridos nem danos materiais.
As primeiras ligações para o 193 foram registradas às 10h50min e seguiram por 15 minutos, todas originadas da área central da cidade. Com medo, as pessoas começaram a deixar os prédios, mas a maioria retornou em seguida.
Foi o caso de uma bióloga e 43 anos que, ao sentir a cadeira tremer e as cortinas balançarem, pegou a bolsa, passou a mão nas chaves do escritório e desceu imediatamente do 7º andar para o térreo do prédio onde trabalha, no centro de Passo Fundo.
– É uma sensação de que o corpo está chacoalhando. Como quem tem labirintite sente, sabe? – explicou, pedindo para não ser identificada.
Na rua estavam uma equipe do Corpo de Bombeiros e outras pessoas que trabalham no prédio de nove andares.
– Fiquei uma meia hora lá embaixo e voltei a trabalhar – acrescentou a bióloga.
Conforme as autoridades, a situação está normalizada. Nenhum imóvel foi evacuado. A orientação repassada aos moradores pelo comandante de socorro do Corpo de Bombeiros de Passo Fundo, sargento Dagoberto da Cunha Vieira, foi de que procurassem rachaduras nos imóveis.
— Também sugerimos que engenheiros fossem acionados para analisar os riscos, mas não foi constatada a necessidade de evacuação — explicou.
Doutor em sismologia e membro do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, o professor Lucas Vieira Barros comenta que a rigidez do solo faz com que alguns locais sejam mais ou menos afetados pela liberação de energia causada pelo movimento das placas tectônicas. Isso explica o tremor sentido em Passo Fundo.
— Terrenos mais frouxos, moles, tendem a sentir mais essas ondas causadas a mais de 500 quilômetros de profundidade, como o terremoto que balançou a Bolívia. Em alguns casos, os estragos são maiores em cidades que ficam mais distante do epicentro do tremor. É normal, também, que prédios mais altos sejam mais afetados — detalha.
O especialista acrescenta que o terremoto na Bolívia, refletido no Brasil, foi causado pelo atrito de duas placas tectônicas: Nazca e Sul-americana. Isso ocasionou deslocamento de terra no interior do planeta e liberou energia em forma de vibração.
— Tremeu a 500 quilômetros de profundidade e tudo o que estava em cima oscilou, vibrou. Alguns lugares balançaram mais por conta da geologia.
No restante do Brasil, tremores foram sentidos em prédios de São Paulo e Brasília, onde houve evacuações. O Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) afirma que o incidente foi reflexo de um terremoto de magnitude 6.8 — em uma escala que vai até 10 —, sentido na Bolívia, por volta das 6h50min desta segunda.