O tremor de terra ocorrido na manhã desta segunda-feira (2) na Bolívia, que foi sentido em várias cidades brasileiras, poderá acontecer outras vezes, segundo o professor de sismologia Lucas Vieira Barros, do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB).
— Essa não foi a primeira vez, nem será a última. Sismos grandes e profundos vão continuar acontecendo nos Andes e sentidos aqui no Brasil — disse Barros.
Apesar de serem terremotos fortes, os tremores nos Andes não são suficientes para causar grandes estragos no Brasil.
— A região dos Andes é uma região sismogênica com potencial de gerar grandes terremotos. Esses terremotos, por maior que eles sejam, podem ser percebidos no Brasil, mas dificilmente eles terão potencial de gerar danos aqui no Brasil — explicou.
Terremoto foi considerado profundo
Técnico em sismologia do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), José Roberto Barbosa explica que o terremoto registrado na Bolívia foi considerado profundo e, quando isso ocorre, ondas chegam à superfície e se propagam.
— São ondas que caminham no sentido transversal, acabam encontrando as estruturas dos prédios e mexendo. As pessoas acabam sentindo essa oscilação. Em geral, sentem um ligeiro enjoo, a vibração, podem ver um lustre balançando e isso é suficiente para elas saírem correndo, porque não estão habituadas a esse tipo de situação — explicou.
Segundo Barbosa, é possível que, em uma mesma região, pessoas que estão em um prédio sintam o tremor e outras, em um imóvel próximo, não tenham a mesma sensação:
— Tem prédios que estão fixados em rochas mais duras e outros em rochas sedimentares, que amplificam um pouco e as pessoas percebem mais facilmente. Em outros, fixados em basalto, granito, as ondas passam e quase não são percebidas.
De um modo geral, esse tipo de tremor não abala a estrutura dos prédios.
— Tivemos dezenas de casos de ocorrências desse tipo, que as pessoas chamam de reflexo de terremoto e, em geral, não causa danos em prédios — explica Barbosa.
Locais onde houve relatos de tremor
Rio Grande do Sul: foram sentidos tremores em Passo Fundo, no norte do Estado. Há relatos de que pessoas deixaram prédios na área central da cidade.
Brasília: foram esvaziados diversos prédios, entre eles as sedes da Infraero, da Secretaria de Segurança Pública e do Ministério da Justiça. O tremor também foi sentido no Aeroporto Juscelino Kubitschek.
São Paulo: o prédio da Petrobras, na Avenida Paulista, foi esvaziado, assim como o do Ministério Público, também no Centro. Moradores da Zona Oeste da capital também relataram que precisaram deixar prédios.
Minas Gerais: houve registro de tremores em Uberlândia.
Santa Catarina: segundo o Diário Catarinense, moradores de pelo menos três edifícios de Itajaí, em bairros diferentes, procuraram os bombeiros e a Defesa Civil após terem sentido leve tremor de terra. Durante a tarde, engenheiros da Defesa Civil fariam vistorias para avaliar se houve danos estruturais.
Paraná: prédios foram esvaziados em Umuarama, Maringá e Cascavel. Com menos intensidade, os abalos também foram sentidos em Cianorte e em Londrina.