Samir André Rodrigues, 23 anos, quer deixar para trás a agressão sofrida em uma encenação da crucificação de Cristo, na noite de sexta-feira (30), em Nova Hartz, no Vale do Sinos. Na peça, o ator voluntário representava um dos soldados romanos que levavam Jesus à cruz. Faltavam cerca de 20 minutos para o encerramento do espetáculo, quando o jovem foi atingido por um golpe de capacete e um pontapé desferidos por um homem que invadiu o palco, instalado no centro da cidade de 20 mil habitantes. A cena ganhou repercussão nacional após ser registrada em vídeo.
— Foi tudo muito rápido. Mas não tem nada de rancor, até porque estávamos passando uma mensagem de amor — declara Samir, que trabalha em um frigorífico da região.
Não houve registro policial do caso. Após o episódio, um familiar do agressor apareceu e disse que o homem sofre distúrbios mentais.
— Ele invadiu o palco gritando que não queria que matassem Jesus — sublinha o diretor do espetáculo, Adriano Ferreira. — Resolvemos perdoá-lo. Não vamos dizer que deve ser condenado. Páscoa é tempo de recomeço — conclui.
O prefeito de Nova Hartz, Flavio Emílio Jost (PP), afirma já ter a identificação do homem, mas prefere não divulgá-la. A encenação ocorreu pelo quinto ano consecutivo na cidade, e não havia monitoramento de policiais. Para o próximo ano, o prefeito relata que a presença de agentes de segurança poderá ser estudada para evitar novos incidentes.
— Os atores são pratas da casa. Fizeram tão bem feito que ele (invasor) pode ter vivido o momento da época, acreditando que fosse real — argumentou Jost.