O Pronto-Socorro do Hospital Bruno Born, em Lajeado, no Vale do Taquari, voltou a atender casos de urgência e emergência depois que um homem colocou fogo na recepção do local, indignado com a demora no atendimento. A orientação é que, nos demais casos, os pacientes continuem procurando a UPA de Lajeado ou outros hospitais da região.
O coordenador da emergência, médico André Weber, afirma que a capacidade de atendimento já está a pleno para emergências, apesar de o hospital não estar ainda recebendo a todos:
— A área de entrada foi a mais afetada e, por isso, os pacientes estão entrando por outro acesso do hospital. O atendimento ainda está prejudicado porque ficamos com demanda reprimida, muitos pacientes foram realocados, e estamos atendendo somente urgência e emergência. Mas a orientação, mesmo quando recebemos todos, é de que casos de menor complexidade sejam encaminhados para a UPA — explica.
Por enquanto, ainda não há informações sobre os prejuízos, nem o tempo de duração da reforma da recepção. A emergência do hospital chegou a ficar completamente interditada devido ao fogo, que destruiu o balcão da recepção. A instituição é referência para 42 municípios do Vale do Taquari e Vale do Rio Pardo. Em razão do fechamento da unidade, a UPA de Lajeado registrou aumento de 30% nos atendimentos no domingo, e 10% na segunda-feira.
Imagens flagraram crime
Imagens de câmeras de segurança do hospital flagraram o momento em que o homem coloca um facão sobre a mesa da recepção, e a recepcionista e pacientes deixam o local. Ele, em seguida, espalha gasolina no balcão e ateia fogo.
Jairo Oliveira Camargo, de 51 anos, foi preso preventivamente na tarde desta segunda-feira (2) e encaminhado ao Presídio Estadual de Lajeado. Ele estava em casa consultando um advogado quando foi detido pela polícia. Em depoimento, ele negou a autoria do crime. O homem tem antecedentes por roubos e já respondia pelo homicídio do senegalês Cheikh Tidiane, ocorrido em 2016 em Caxias do Sul.
Com o suspeito, a polícia apreendeu um isqueiro com vestígios de combustível. O delegado Juliano Stobbe, responsável pela investigação, afirma que as características dele são muito semelhantes à figura que aparece nas câmeras. A polícia chegou ao nome de Jairo através da ficha de atendimento do filho dele, que já havia sido atendido no local. Conforme a polícia, ele esperava há cerca de quatro horas para que o filho, que não tinha caso de emergência, fosse atendido.
— Como a criança não estava em situação de emergência, o pai ficou ainda mais indignado, o que o levou a cometer o crime. Não se discute que a emoção é uma das causas de atenuação do crime, mas isso quando se dá no momento. Do jeito que foi, ele voltou para casa e premeditou o crime, comprou a gasolina. A simples justificativa de que ele estava indignado com a demora não é analisada. Isso é indiferente para o inquérito policial.
A polícia segue ouvindo testemunhas para ouvir o inquérito e, nesta terça-feira, vai ouvir a recepcionista que estava no hospital no momento do crime. O homem deverá ser indiciado por incêndio doloso, que prevê pena de três a seis anos de prisão – a pena pode ser aumentada em até um terço, já que o crime foi cometido contra um prédio público.