Um dos três cubanos mortos em um acidente de trânsito em Santa Vitória do Palmar, no dia 1º de janeiro, Osmani Hidalgo Leyva, de 21 anos, viajava com o pai e o irmão em uma tentativa de migrar para o Uruguai. Até então, Osmani era a vítima do acidente – que deixou outros sete mortos – do qual menos se tinha informações, mas três fatores permitem confirmar que ele atravessava a América Latina com parte da família.
Único cubano a sobreviver ao acidente, Armando Sosa Gonzalez, 24 anos, que segue internado em Rio Grande, foi questionado pela assistência social da Santa Casa do município sobre detalhes que pudessem levar a familiares de Osmani – já que o corpo dele permanece no Instituto Médico-Legal (IML) da cidade desde o dia 1º.
Armando contou que não conhecia Osmani antes da viagem, mas assegurou que ele estava acompanhado do pai e do irmão. Quando desembarcaram no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, oito cubanos – sete adultos e um bebê – se dividiram em dois táxis. Osmani foi no Cobalt que acabou se envolvendo na colisão com um Fiesta.
O pai e o irmão dele foram em uma Spin que, neste trecho da viagem, trafegava atrás do Cobalt. Quando chegaram ao local da batida, os familiares do jovem chegaram a descer para ver o que tinha acontecido.
Sobre esse segundo táxi, uma das testemunhas relatou à Polícia Civil: "Neste momento veio um rapaz, acompanhado de uma moça loira, gritando 'esto es mi hermano, esto es mi hermano', reconhecendo o carona do táxi como irmão", registra o depoimento.
Ainda há um terceiro ponto que indica que Osmani migrava com familiares. O jornalista cubano Mario J. Pentón – radicado em Miami e repórter do periódico 14ymedio – falou com Elianis Díaz, moradora de Las Tunas, em Cuba, e que havia casado com Osmani há menos de um mês. Ela disse que o marido lhe informou que viajaria à Guiana com o pai e o irmão, mas o restante do plano de migrar ao Uruguai ele manteve em sigilo.
— A família está destroçada, não entendemos o que ocorreu — lamentou Elianis.
A viúva ainda explicou que os parentes estão envolvidos nos trâmites para repatriar o corpo, mas que a operação é "muito cara".
O irmão de Osmani se chama Argel. Os relatos de testemunhas foram de que, após descerem do táxi e avistarem o violento acidente, os cubanos entraram em desespero. Uma pessoa não identificada teria insistido para que eles voltassem ao carro e seguissem viagem, deixando os outros para trás. Argel desabafou no Facebook: "Não posso acreditar que meu irmão lindo morreu diante dos meus olhos. Há dois dias que não paro de chorar".