Uma operação foi deflagrada, na manhã desta terça-feira (21), para desarticular uma quadrilha especializada em fraudar licitações de transporte escolar no rio Grande do Sul. A operação da Polícia Federal (PF) ocorreu em Alegrete, Rosário do Sul, Santana do Livramento, São Gabriel, e Uruguaiana, na Fronteira Oeste, e em Dom Pedrito, na Campanha.
O vereador de Santana do Livramento Lídio de Azevedo Mendes, o Melado (PTB), foi preso em sua casa, suspeito de corrupção ativa e passiva. O delegado da PF Alessandro Maciel Lopes afirma que o parlamentar pressionava a prefeitura para ceder aos pedidos dos empresários.
— Ele intercedia junto a administração municipal para beneficiar um dos empresários de ônibus. Em vez de interceder para investigar, que é sua missão, ele intercedia para atuar irregularmente — comenta o delegado.
Além do vereador, três empresários e o funcionário de uma empresa também foram presos temporariamente. Trinta e seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos por cerca de 150 policiais federais e seis auditores da Controladoria-Geral da União.
A investigação começou em setembro de 2016 para apurar suposto cartel entre empresários para fraudar licitação de transporte escolar nos municípios de Santana do Livramento e Dom Pedrito. O trato definia as empresas que ficariam responsáveis para cada rota de alunos, fazendo com que todas elas conseguissem contratos nas cidades. Empresas de fachada também era usadas.
Além da fraude licitatória, os agentes identificaram que é comum os serviços licitados pelas prefeituras não serem prestados. Para isso, de acordo com investigadores, o esquema acertou com diretores de escolas para que eles atestassem de forma falsa que o transporte estava ocorrendo. Em troca, diretores ganhavam caronas, viagens, festas e dinheiro.
O delegado identificou que o transporte era prestado também com kombis velhas e algumas até transportavam galões de óleo diesel de maneira irregular junto com os alunos. Um dos veículos que carregava o óleo pegou fogo logo após deixar alunos em uma escola:
— O serviço prestado era péssimo. Colocavam as crianças em risco porque não tinham condições de trafegabilidade. Eram problemas com pneu, ônibus sem vidro, sem freio.
A operação foi denominada Laranja Mecânica. O nome foi escolhido porque as vans de transporte de alunos na região são de cor laranja. Os crimes apurados são fraude a licitação, estelionato, falsidade ideológica, corrupção ativa, organização criminosa e ameaça.