É o som da natureza que recebe diariamente os visitantes no Parque do Bairro Duque de Caxias em Santa Maria. E o mais convidativo não é só a calmaria que o lugar proporciona, mas a história que o espaço carrega. O que era um terreno baldio, um depósito irregular de lixo, se tornou ambiente de lazer para a comunidade.
Como isso virou realidade: cada detalhe foi feito com mão de obra e dinheiro dos próprios moradores. A ideia surgiu do morador há 36 anos do bairro, Valmir Kohler. Cansado de ver o espaço desativado e esquecido, resolveu arregaçar as mangas e agir:
_ Esse projeto surgiu há mais de quatro anos atrás. Morando em um bairro bem localizado de Santa Maria, tendo uma área dessas - como era antigamente, abandonada -, a gente pensou porque não fazer dessa área um lugar que dê para se aproveitar, fazer um espaço de lazer. Aí a gente criou a Associação dos Moradores do Bairro Duque de Caxias _, lembra Valmir.
A liberação do terreno veio só mais de um ano depois da decisão de transformar o local. Em outubro de 2014, a prefeitura entregou uma permissão à Associação dos Moradores do Bairro Duque de Caxias, cedendo o terreno por 10 anos. Mas nem tudo estava resolvido. O desafio continuou: foi preciso trabalhar para limpar a área de mais de 6 mil metros quadrados e construir algo atrativo para a comunidade.
Em 2015, o parque foi aberto ao público. E a sequência desse projeto segue sendo realidade por meio de várias mãos. Mãos como as do seu Silvio Jaskulski, morador do bairro há 17 anos. Ele é o responsável pela manutenção do jardim e não se nega a fazer nada:
_ Existe a cooperação de todos. Quando a gente precisa, o pessoal coopera. Tem que ajudar, tem que podar. Aqui é uma equipe e todo mundo ajuda um ao outro. Eu não faço muito parte da equipe de cortar grama, mas já peguei a máquina e cortei, porque nós temos que nos ajudar _, reforça Silvio.
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No parque, que é todo cercado para garantir a segurança dos visitantes, tem pista de caminhada arborizada, horta, quadras de futebol e de vôlei, churrasqueira e espaço de lazer de sobra. E os moradores querem ainda mais. Já estão com projetos em andamento para construção de um banheiro, um quiosque, uma pracinha para as crianças e uma academia ao ar livre. O militar da reserva e morador do bairro, Ernesto Bortoli, é um dos responsáveis por colocar em prática essas ideias:
_ É um prazer imenso a gente chegar aqui e enxergar esse ambiente. Um local que estava abandonado e, agora, as pessoas podem vir aqui e aproveitar. A gente tem que fazer a nossa parte, não adianta ficar em casa de braços cruzados e esperar que o poder público vá limpar a calçada da frente da casa da gente, que tem muita gente que acha que a prefeitura é para isso, e não é. Cada um tem que tomar consciência e fazer sua parte _, destaca Ernesto.