Devastado por um tornado em abril do ano passado, o Sítio Histórico de São Miguel Arcanjo completa nesta sexta-feira seu ciclo de recuperação. Às 11h, o Museu das Missões volta abrir as portas para o público, totalmente reformado.
A obra foi executada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e teve um custo de R$ 1,68 milhão. Foi preciso refazer toda a cobertura do Pavilhão Lucio Costa, área que abrigava 84 esculturas dos séculos 17 e 18. Os ventos, que abriram crateras em algumas áreas do município, quebraram as paredes de vidros do espaço e também retorceram esquadrias. O trabalho seguiu à risca o projeto original do Pavilhão, construído dos anos 1940, utilizando os mesmos capitéis de madeira da época, por sua vez inspirados nos colégios das reduções guaranis.
– A obra refez o projeto exatamente como era – explica a presidente do Iphan, Kátia Bogéa. – Foi um esforço muito grande para o Ministério da Cultura conseguir essa verba em tempo hábil, para começar o trabalho o mais rápido possível. Neste ano, o Iphan completa 80 anos, e logo quando foi fundado, o primeiro tombamento foi das Missões. Esse espaço tem um significado especial para o Brasil e o mundo. A gente tem a responsabilidade de preservá-lo de deixa-lo em condições de visitação.
Além do Pavilhão, a antiga Sacristia da Igreja de São Miguel Arcanjo teve sua cobertura desestruturada, e seu piso de madeira foi prejudicado pela entrada de água. O espaço foi também reformado, tendo agora um telhado com isolamento térmico.
As obras de arte sacra abrigadas no Parque também sofreram danos com o tornado. O acervo, exposto no Pavilhão, teve peças afetadas pelos estilhaços de vidro, e algumas delas foram até mesmo carregadas pelo vento e espalhadas pelos gramados. Mais da metade das esculturas foi recuperada, mas algumas dezenas ainda estão guardadas e protegidas do público.
Técnicos em conservação do Rio de Janeiro e de Minas Gerais estão atualmente no Museu para avaliar os objetos e apontar técnicas adequadas de restauro. Duas das salas do Pavilhão foram remontadas com o acervo, e a terceira será um laboratório aberto para as intervenções. Para reduzir eventuais danos causados pelos ventos no futuro, algumas estruturas foram reforçadas, e as paredes de vidro instaladas atualmente são à prova de estilhaço.