A Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o acordo de delação premiada do doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O acordo firmado entre o operador financeiro e o Ministério Público está sob sigilo. Agora, caberá ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato, homologar ou não a delação. O caso foi para o STF, pois o doleiro cita nos anexos o nome de políticos com foro privilegiado.
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Caso seja homologada, a delação de Funaro voltará para a PGR, que deverá usar o depoimento para auxiliar investigações em andamento ou embasar a abertura de novos inquéritos.
Funaro é processado pela Justiça Federal em Brasília em três investigações da Polícia Federal (PF) – Greenfield, Sépsis e a Cui Bono – que envolvem suspeitas de desvios de recursos públicos e fraudes na administração de quatro dos maiores fundos de pensão de empresas públicas do país: Funcef (Caixa), Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios). O empresário também foi citado nas delações da JBS.
Na delação, Funaro deve detalhar sua atuação como operador financeiro do PMDB da Câmara dos Deputados. O grupo político é liderado pelo presidente Michel Temer e tem como principais integrantes os atuais e ex-ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves. Funaro prometeu explicar aos investigadores como os políticos atuavam em órgãos públicos em troca de vantagem indevida.
Além deles, outro importante representante dos peemedebista da Câmara é o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba por ordem do juiz Sérgio Moro, que também estaria fechando acordo de colaboração com o MPF.
Outro tema a ser abordado será a veracidade das afirmações de Joesley a Temer em conversa gravada pelo empresário no Palácio do Jaburu. Batista disse que continuou efetuando pagamentos ao operador mesmo após sua prisão para evitar que ele partisse para uma delação – um deles para sua irmã Roberta foi interceptado em ação controlada da PF.
– O Lúcio Funaro é o operador financeiro do Eduardo do esquema PMDB da Câmara. O esquema PMDB da Câmara é composto pelo presidente Michel Temer, Eduardo, enfim, e alguns outros membros – afirmou Joesley em seu acordo.
Antes mesmo de o acordo ser enviado para homologação do STF, depoimentos de Funaro causaram estragos no meio político. Em 3 de julho, Geddel foi preso preventivamente, suspeito de tentar obstruir investigação que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal. Acusações de Funaro estavam entre os principais elementos apontados pelo MPF contra Geddel. Segundo o doleiro, Geddel tentava evitar que Cunha e Funaro firmassem acordo de delação. O ex-ministro teria mantido conversas com a esposa de Funaro para garantir que o doleiro continuasse calado. Geddel conseguiu o benefício de prisão domiciliar.
Em outro testemunho, Funaro afirmou que Temer sabia de pagamentos de propina na Petrobras. Esse relato foi utilizado na denúncia por corrupção passiva apresentada pela PGR contra o presidente Michel Temer.
*Zero Hora com informações de agências