Inaugurada em 2010, a estátua em bronze do cantor Michael Jackson (1958-2009), instalada no Morro Dona Marta, no Rio de janeiro, recebeu um adorno pouco convencional: um fuzil, pendurado em seu pescoço por traficantes da favela.
A estátua está fixada no alto do morro, na laje onde Michael gravou parte do clipe They Don't Care About Us, em 1996.
O local é um ponto turístico do morro, procurado por visitantes, brasileiros e estrangeiros, depois que recebeu a primeira das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) da capital, em 2008. A escultura foi inaugurada um ano depois que o rei do pop morreu.
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A Polícia Militar (PM) identificou suspeitos de terem colocado o fuzil na obra, mas não quando isso foi feito. O Setor de Inteligência da UPP informou que alguns deles estão com mandado de prisão em aberto, e que está sendo realizada uma ação para prendê-los.
Os criminosos, segundo a PM, fazem parte da quadrilha de Marco Pollo Lima dos Santos, o Mãozinha, que estava foragido e foi preso por integrantes da UPP no último dia 27 de julho. "Cabe ressaltar que a foto possivelmente foi tirada no início da manhã, horário onde há maior movimento nas vielas, para evitar confronto com policiais da UPP", informou a PM, em nota.
Desde que foi aberta, a UPP Dona Marta sempre foi considerada uma unidade modelo do sistema de aproximação da polícia e da população e de retirada de traficantes armados das ruas das comunidades. Mas a situação mudou, e os tiroteios e mortes voltaram.
Prestes a fazer uma década, as UPPs hoje somam 38. O modelo vive uma crise, decorrente da insuficiência de PMs para o patrulhamento e do rombo financeiro nas contas do Estado.
Essa falência das UPPs vem sendo evidenciada na volta dos embates entre policiais e traficantes e na falta de confiança dos moradores das favelas em relação aos policiais, acusados de abusos e de envolvimento em casos de corrupção.
Para especialistas na área de segurança, o ponto de inflexão foi julho de 2013, com o assassinato do auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza. Ele foi sequestrado, torturado e morto por PMs da UPP da Rocinha, favela onde morava. Foram condenados 12 PMs pelos crimes de tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual.