Nesta semana, após contato da reportagem de ZH, equipes do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) iniciaram ações de manutenção na Ponte Giuseppe Garibaldi, única travessia viária ligando Tramandaí a Imbé, no Litoral Norte. Segundo os engenheiros, está sendo ampliado o escoramento do primeiro vão da ponte, porque o existente sofreu danos devido ao ambiente marítimo. As novas peças contam com diâmetro maior e tem como objetivo "aumentar a vida útil da ponte, sempre garantindo a segurança dos usuários", informa a autarquia estadual, por meio de nota.
Ainda conforme o Daer, o trabalho não foi motivado pela repercussão das fotos que circularam em redes sociais, apontando possíveis defeitos estruturais na ponte. "Não existe relação com pressão da sociedade, já que as vistorias constantes são realizadas em todas as estruturas pelo menos a cada seis meses, especialmente nas com idade avançada", ressaltou o Daer. O departamento afirma que a estrutura passou por vistoria em março e no início de agosto deste ano, e que "visualmente não foi identificado agravamento da situação", não necessitando de interdição.
Nos últimos dias, três fotos expondo a ponte que liga Imbé e Tramandaí vista de baixo repercutiram em redes sociais.
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Não é o que dizem moradores e o que apura uma vistoria organizada pelas prefeituras de Imbé e Tramandaí junto com Corpo de Bombeiros e mergulhadores e técnicos da Transpetro. Imagens da parte submersa apontaram a falta de até um metro de concreto em alguma vigas, restando apenas a armadura de ferro. Também é visível a falta de pedaços de concreto na estrutura fora da água, observação comum a qualquer um que passa de barco por debaixo da ponte.
O Daer admitiu que há "comprometimento das armaduras" num dos vãos da ponte 3 (sentido Tramandaí-Imbé), porque a corrosão se acelerou desde a última vistoria. Questionado sobre o limite de peso imposto a esse sentido da travessia, o Daer confirmou que permanece em 24 toneladas. Na última vistoria, verificou que a sinalização no local havia sido retirada – uma nova seria instalada. Com ou sem sinalização, os moradores veem caminhões pesados passarem e nenhuma fiscalização.
– Ontem, vi um caminhão de três eixos passando aqui. A ponte treme, não adianta – comentou um pescador.
Os engenheiros do Daer reconhecem que é necessário intervir na ponte e que há risco se os limites de carga não forem respeitados. "Está sendo verificado pela diretoria do Departamento a possibilidade de direcionar recursos para esta obra. Enquanto isso, estão sendo tomadas as demais medidas de conservação", diz nota enviada a ZH.
Nesta sexta-feira (18), além de servidores do Daer, a reportagem encontrou funcionários da Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec) trabalhando no local. Segundo informaram, está sendo realizado um estudo complementar para saber a real situação da ponte, medindo impactos para saber o quanto ela ainda aguenta. O trabalho vai determinar se é preciso tomar alguma medida mais severa, como interdição.