Na virada deste ano, o comerciante Nilandres Lodi, 37 anos, viu, em instantes, sua vida ser transformada após um acidente. Além de presenciar a morte da esposa, Cristiane Flores, ele teve as duas pernas amputadas depois que um Camaro atropelou o casal durante a festa de Réveillon na Praia de Ingleses, em Florianópolis. Hoje, ele, que é gaúcho, voltou a morar com familiares em Passo Fundo, devido às necessidades que têm. Ele não pode caminhar e precisa de próteses para realizar o sonho de voltar a ter uma vida parecida com a que tinha antes do atropelamento.
– Quero chegar pelo menos a ficar mais perto do que era. Igual, nunca mais vai ser. Mas quero voltar a fazer algumas coisas, a cuidar do meu filho – conta Nilandres, lembrando da rotina com o pequeno, que tem seis anos, nasceu com problemas neurológicos e, por isso, precisa de cuidados especiais.
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As próteses custam em torno de R$ 40 mil, e faltam recursos à família para comprá-las. Por isso, um grupo de amigos de Santa Catarina faz diversas ações – bingos, rifas e eventos – para arrecadar dinheiro e ajudar Nilandres a reconquistar sua independência. Ana Caroline de Souza, 21 anos, conheceu o casal em Florianópolis. Nilandres e Cristiane moravam na Praia de Ingleses, onde tinham uma loja de som automotivo. Segundo ela, a vontade de ajudar surgiu do carinho de todos por eles.
– Pessoas tão maravilhosas que conseguiram criar amizade com todo mundo. Nunca conheci pessoas de tão bom coração. Ajudavam todo mundo, e queremos retribuir – afirma Ana.
Uma vaquinha online está sendo feita desde o dia 21 de junho para buscar os R$ 40 mil para as próteses. Até a tarde de ontem, cerca de R$ 19 mil haviam sido arrecadados.
– Muito bom saber que ainda existem pessoas boas no mundo. Conto com a ajuda dessas pessoas para, quem sabe, voltar a caminhar. Estou com fé que vai dar certo – diz Nilandres.
O caso na Justiça
De acordo com Nilandres, o homem que atropelou ele e a esposa nunca o procurou. Natural de Sapiranga, no Vale do Sinos, Jeferson Bueno, 29 anos, chegou a ter a prisão decretada pela Justiça e foi considerado foragido. Para agilizar o processo, o juiz Marcelo Volpato de Souza concedeu liberdade provisória mediante pagamento de fiança R$ 70 mil. Jeferson pagou, se apresentou e cumpre medidas cautelares: suspensão por dois anos do direito de dirigir, ter que se apresentar mensalmente à Justiça e proibição de se ausentar por mais de oito dias de Sapiranga, cidade onde mora.
Os advogados de Nilandres pedem que ele receba um valor mensal do autor do atropelamento, além de uma indenização e a prisão do acusado. Uma audiência está marcada para Florianópolis em 26 de julho para discutir a situação e definir se o caso será levado a júri popular.
– O que eu espero é justiça, porque a vida da pessoa que ele tirou não volta. Mas estamos confiantes que não saia impune, porque, quanto aos outros pedidos, já perdi a esperança. Só desejo que a justiça seja feita, e ele fique preso – afirma o comerciante.
Para ajudar
/// Se você quiser colaborar com a vaquinha online de Nilandres, acesse vakinha.com.br/vaquinha/proteses-para-nosso-amigo-preto-nilandres.