Há três meses, a aposentada Solange Vieira Loreto, 51 anos, não recebe mais uma medicação que deveria ser disponibilizada gratuitamente pela prefeitura de Cachoeirinha, cidade onde vive. Moradora do Bairro Parque Brasília, ela sofre com as consequências do Mal de Parkinson, que descobriu quando tinha 38 anos.
Para amenizar os problemas causados pela doença – que a impossibilitam de caminhar, amarrar os próprios cadarços, abotoar uma camisa ou fazer outras pequenas atividades cotidianas –, ela precisa tomar diariamente quatro comprimidos de Stalevo 100mg. Cada caixa do remédio custa cerca de R$ 230. O medicamento deveria ser entregue à aposentada pela farmácia municipal, mas, desde abril, ela não o recebe mais.
Justiça
Solange procurou a Defensoria Pública do município onde mora. Na Justiça, o órgão conseguiu, liminarmente, que a prefeitura fornecesse o medicamento. Porém, o Paço Municipal ignorou os pedidos de liberação do remédio ou ao menos do valor correspondente às doses necessárias.
– A Defensoria encaminha a determinação, a prefeitura tem cinco dias para responder. Aí, depois, retorna à Defensoria e, mesmo assim, eles não cumprem. Já aconteceu mais de uma vez – reclama.
A idosa precisa de quatro caixas do medicamento por mês e, vivendo apenas de sua aposentadoria, ela não tem condições de comprá-las. A solução, enquanto aguarda uma resposta da administração pública, é fazer vaquinhas para conseguir a medicação.
Ajuda
Solange mora com os pais – João Joaquim Vieira, 84 anos, e Norina Réus de Loreto, 81 anos, que também sofre com o Mal de Parkinson – e a filha mais nova – Bianca Vieira de Loreto, 21 anos. São eles, entre outros amigos e parentes, que ajudam na hora de comprar o Stalevo e também nos cuidados com Solange.
Em estoque, porém sem prazo de entrega
A prefeitura de Cachoeirinha esclareceu, por meio de sua assessoria de imprensa, que o Stalevo 100mg não é fornecido pelo SUS e que, por isso, ele não está disponível na farmácia municipal. Ainda segundo a administração municipal, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) é quem faz a aquisição desse medicamento e envia para que a cidade atenda à demanda, já que Solange tem uma ordem judicial que obriga o Estado a comprar o remédio. Mas, segundo a prefeitura, a SES não tem enviado o remédio à farmácia municipal nos últimos meses.
A SES, também por meio de sua assessoria de imprensa, informou que já fez a compra do medicamento e que ele está em seu estoque, . Entretanto, não deu prazo para que o Stalevo seja encaminhado para a prefeitura de Cachoeirinha e para outras localidades que aguardam pelo remédio.
*Produção: Alberi Neto