O Caxias Acolhe, espaço de pernoite para a população de rua em Caxias do Sul, deixa de receber usuários a partir da noite desta quinta-feira (1º). Conforme a Fundação de Assistência Social (FAS), a população que precisar de acolhimento será recebida em uma das três outras casas da cidade: Carlos Miguel, São Francisco de Assis e Celeiro de Cristo. Juntas, as três casas oferecem 134 vagas, mas há uma previsão de ampliar o espaço da São Francisco de Assis e chegar a 150. O Caxias Acolhe, que fica na rua Andrade Neves, próximo à rodoviária, tinha espaço para cerca de 40 pessoas.
Segundo a FAS, levantamento feito pela Fundação aponta que o número de vagas nas três casas é suficiente para absorver a demanda da cidade. Na noite de quarta-feira (31), com o Caxias Acolhe ainda em funcionamento, havia 43 vagas disponíveis nas outras casas. De acordo com a FAS, as três casas que permanecem são consideradas Serviços de Acolhimento Institucional porque possuem equipe técnica em quantidade suficiente para funcionar 24 horas por dia. Já o Caxias Acolhe, segundo a Fundação, não possuía essa característica, sendo somente um serviço de pernoite, sem o acompanhamento continuado de cada usuário. Além disso, a FAS aponta que o acolhimento não era garantido a quem precisa porque, a cada noite, a pessoa precisava entrar novamente na fila. O serviço de ronda previsto para o Caxias Acolhe também não vinha ocorrendo desde 2016.
A partir de agora, com o que a FAS chama de "SuperAção", um programa em que o primeiro atendimento à pessoa em situação de rua será no Centro Pop Rua, haverá uma avaliação da situação individual. Um dos pontos previstos é o critério para avaliar se a pessoa precisa utilizar o serviço. Segundo a FAS, a pessoa em situação de rua é a que se insere, ao mesmo tempo, em três fatores: pobreza extrema, vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e inexistência de moradia convencional regular.
Dependendo da avaliação que é feita no Centro Pop Rua, a pessoa pode ser encaminhada ao atendimento na rede de saúde em vez do acolhimento nas casas. Além disso, o Superação prevê um Plano Individual de Atendimento segundo o qual a pessoa atendida deverá obter documentos, se não os tiver, ser encaminhada à rede de saúde, se necessário, complementar escolaridade e fazer o seu currículo para buscar uma colocação no mercado de trabalho. O atendimento só ocorre se a pessoa atendida desejar.
O prédio onde ficava o Caxias Acolhe, que passou a ser utilizado em setembro do ano passado, será devolvido ao proprietário. Conforme a FAS, o aluguel do prédio era de R$ 7,5 mil e os custos totais com a operação eram de cerca de R$ 75 mil mensais.
A Fundação também vai utilizar uma van adesivada com o logotipo do Superação para fazer, na parte da noite, o que chama de busca ativa, que consiste no serviço da antiga ronda. Em princípio, um guarda municipal vai dirigir a veículo e fazer a interação inicial com a pessoa em situação de rua que, se desejar, será encaminhada para o Centro Pop Rua para avaliação de atendimento com assistentes sociais e psicólogos.