O promotor Joel Dutra confirmou no programa Timeline, da Rádio Gaúcha, que conversou com um dos pais de vítimas do incêndio na boate Kiss e, de maneira informal, segundo ele, alertou para o risco de uma "mutreta" dentro da prefeitura de Santa Maria. O promotor também falou sobre a denúncia formal do Ministério Público (MP) contra os familiares das vítimas e disse que "toda dor tem de ter seu limite".
A ação começou depois que os pais dos jovens acusaram os promotores do caso de omissão. Dutra, que é um dos incluídos no grupo, disse que ele também é cidadão e busca seus direitos. Na entrevista, afirmou que, durante dois anos, sofreu bastante com a "opinião dura dos pais", mas que esse limite foi ultrapassado quando atacaram a honra dele.
– Eu não posso deixar isso passar por uma dor (a dos pais). Acho que toda e qualquer dor, por mais intensa que ela seja, tem que ter seu limite – disse
No entanto, Dutra afirmou que o MP está aberto ao diálogo para um eventual acordo entre as partes.
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"Mutreta" na prefeitura
Sobre a gravação da reunião da qual participou com o vice-presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio Silva, em junho de 2013, Dutra disse que não se referiu a ninguém especificamente quando falou que havia "mutreta" dentro da prefeitura de Santa Maria. O promotor alegou que se referia de maneira genérica e sem um foco específico.
– Falei aquilo que muita gente pensa e muita gente imagina (...) a respeito de alguns problemas existentes na administração pública como um todo, em geral – afirmou.
Questionado sobre por que não abriu investigação referente a um possível foco de corrupção na prefeitura, disse que um inquérito com 18 volumes já estava sendo executado pela Polícia Civil desde abril de 2013, e que o próprio MP nada detectou na época.
– A prefeitura passou por uma espécie de "pente fino", todos os documentos relativos à boate Kiss foram analisados pela polícia. E não se descobriu nada – disse.