Um encontro de lideranças na noite de quinta-feira em São Paulo, no apartamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sacramentou a manutenção do apoio do PSDB ao presidente Michel Temer (PMDB) – ao menos enquanto o julgamento da chapa Dilma-Temer não termina no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Líder do partido no Senado, o catarinense Paulo Bauer diz que a decisão se baseia nas prioridades de reformas do governo, que não foram alteradas em meio ao turbilhão político que atinge Brasília.
– Não houve alteração no rumo que vinha sendo perseguido desde que o Temer assumiu ainda como presidente interino, de reformas, aquecimento da economia, eficiência da gestão pública. Se o governo não tem mudanças, não temos motivo pra deixar a base – argumenta.
Bauer destaca que o entendimento é de que as denúncias apontadas nas delações da JBS devem ser tratadas pelo Judiciário e, enquanto não se apuram todos os fatos, não há razão para o PSDB desembarcar do governo. O tucano diz ainda que a sigla tem consciência da importância no atual cenário, como segunda maior bancada do Congresso, com papel fundamental na aprovação das reformas consideradas necessárias ao país.
– Estamos cientes e conscientes da nossa responsabilidade. Não para com o Temer, mas para com o país. Não com o PMDB, mas com o Brasil. Temos um compromisso com o país – afirma.
Presidente interino do PSDB, o senador cearense Tasso Jereissati informou que haverá conversas com os ministros da sigla nos próximos dias para ouvir a opinião deles, mas reiterou o posicionamento oficial de permanecer na base aliada de Temer.
– Vamos intensificar as conversas cada vez mais e acompanhar o desdobramento da crise, com muita responsabilidade e cautela. Temos noção da nossa responsabilidade com o dia de hoje e não vamos fazer uma coisa que seja de repente, de maneira açodada. O PSDB está no governo – declarou em coletiva de imprensa após a reunião com os caciques tucanos em São Paulo, reforçando que o apoio será novamente discutido conforme o julgamento do TSE.
O encontro dos líderes concluiu um caminho aberto por uma reunião na quarta-feira entre Jereissati e a bancada do PSDB na Câmara dos Deputados, em que os parlamentares já tinham se posicionado favoravelmente à manutenção da unidade de todos os segmentos da legenda em função da crise envolvendo o governo. Foi definido que qualquer decisão a respeito da crise política será tomada em conjunto pelo partido.
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