Diante dos confrontos registrados na Esplanada dos Ministérios, com prédios quebrados e incêndios, o presidente Michel Temer autorizou a atuação das Forças Armadas para garantir a segurança e proteger prédios públicos em Brasília. O decreto assinado por Temer em edição extra do Diário Oficial da União autoriza o emprego de tropas federais no Distrito Federal até a próxima quarta-feira (31).
O decreto provocou uma rusga entre Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Escalado pelo Planalto para comunicar a decisão de colocar o Exército na Esplanada dos Ministérios, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que o emprego das Forças Armados foi uma solicitação de Maia. Minutos depois, o próprio Maia distribuiu cópias do ofício enviado ao Planalto, no qual solicitava o envio de homens da "Força Nacional de Segurança".
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– Ele pediu as forças, como já fez o Estado do Rio de Janeiro – tentou justificar o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Maia e Temer conversaram sobre o quebra-quebra e concordaram que havia risco de invasão do Congresso e que as forças de segurança do Distrito Federal não conseguiriam conter a confusão. Houve ruído na decisão de usar militares em vez da Força Nacional, composta por policiais militares dos Estados. Quando Jungmann comunicou a publicação do decreto, militares já protegiam o Planalto e o Palácio do Itamaraty. Homens do Exército, Marinha e Aeronáutica foram enviados para guarnecer outros órgãos públicos.
– Manifestação que seria pacífica degringolou para violência, vandalismo, agressão e ameaça – disse Jungmann.
O titular da Defesa não detalhou o efetivo que será empregado na ação. Ele teve uma reunião com Temer e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Sergio Etchegoyen, para avaliar os cenários e as medidas tomadas. Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) também auxiliaram o presidente.
Temer interrompeu as reuniões com parlamentares, que discutiam a estratégia para evitar a queda do governo após a delação da JBS, quando vieram os relatos de cenas de guerra na Esplanada. Ministérios tiveram fachadas e salas destruídas e os servidores foram orientados a deixar o trabalho. A decisão de usar as Forças Armadas foi alvo de críticas entre parlamentares de oposição e de aliados que romperam com Temer, como Renan Calheiros (PMDB-AL).
– Não serão as Forças Armadas que vão sustentar esse governo – disse o senador, da tribuna.