Nas delações da JBS – ainda não homologadas – no âmbito da Operação Lava-Jato, personagens são citados nas negociações de vantagens indevidas entre políticos e executivos da empresa. Em uma das conversas gravadas por Joesley Batista, um dos donos da companhia, Temer teria solicitado que o pagamento de uma mesada ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) continuasse. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) também foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro teria sido entregue a um primo do senador e filmado pela Polícia Federal (PF). As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo.
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Os principais delatores:
Joesley Batista
Empresário, nascido em Goiás, é um dos donos da JBS, gigante no setor de carnes e derivados. Ocupou a presidência-executiva da JBS de 2006 a 2011 e, por isso, creditado como um dos principais responsáveis pelo processo de expansão que colocou a empresa no cenário internacional. O executivo é presidente do Grupo J&F Investimentos, conglomerado que também é dono, além da JBS, das marcas Havaianas, Minuano (produtos de limpeza) e Vigor (derivados de leite). É um dos principais delatores – sete no total – da JBS. Gravou conversas que comprometem Michel Temer e Aécio Neves no âmbito da Lava-Jato.
Wesley Batista
É vice-presidente do conselho de administração e diretor-presidente da JBS. Segundo o site da empresa, "tem mais 20 anos de experiência com produção de carne bovina no grupo". Ele substituiu Joesley à frente da empresa.
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Os personagens ligados a Temer e Aécio das delações da JBS:
Rodrigo Santos da Rocha Loures
Chefe de gabinete da Vice-Presidência da República entre 2011 e 2014, é membro da executiva nacional do PMDB e deputado federal no segundo mandato pelo Paraná. Após o impeachment, virou assessor especial da Presidência e logo depois voltou ao Congresso. É um conhecido homem de confiança de Temer, que o indicou a Joesley Batista para resolver uma pendência da J&F (holding que controla a JBS) no governo. O peemedebista está em Nova York e ainda não se pronunciou sobre a denúncia.
Frederico Pacheco de Medeiros
Primo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), foi diretor de gestão empresarial da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e trabalhou na campanha do tucano em 2014. Fred, como é conhecido, conseguiu chegar ao cargo na Cemig após indicação de Aécio. Teria recebido o dinheiro solicitado pelo senador para quitar despesas de sua defesa na Operação Lava-Jato.
Zezé Perrella
Senador pelo PMDB de Minas Gerais, é um dos principais aliados do também senador Aécio Neves (PSDB-MG). Seu filho, Gustavo Henrique Perrella, é um dos secretários do Ministério do Esporte no governo Temer e ficou conhecido nacionalmente após um helicóptero de sua empresa ser apreendido pela Polícia Federal com 445 quilos de cocaína em 2013. O dinheiro solicitado por Aécio a Joesley foi depositado em uma empresa do senador Zezé Perrella.
*Zero Hora