Uma onda de ciberataques "sem precedentes" atinge, deste sexta-feira (12), uma centena de países, afetando o funcionamento de empresas e organizações.
"O ataque é de um nível sem precedentes e exigirá uma complexa investigação internacional para identificar os culpados", indicou em um comunicado o serviço europeu de polícia, o Europol.
O Serviço Público de Saúde britânico (NHS), quinto empregador do mundo, com 1,7 milhão de trabalhadores, parece ter sido a principal vítima no Reino Unido e, potencialmente, a mais inquietante, por colocar seus pacientes em risco.
Leia mais
Especialista recomenda atualizar o Windows após ciberataque
Mega-ataque virtual derruba sistemas de comunicação ao redor do mundo
INSS suspende atendimentos após ataque hacker em mais de 70 países
Dezenas de milhares de computadores de uma centena de países, entre eles Rússia, Espanha, México ou Itália, foram infectados na sexta-feira por um vírus "ransonware" que explorou uma falha nos sistemas Windows, exposta em documentos vazados da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA).
Os ministros das Finanças do G7, reunidos em Bari (Itália), prometeram uma luta conjunta contra a ameaça mundial. O gigante americano do correio privado FedEx e o ministério do Interior russo sofreram o ataque. Na França, a Renault suspendeu sua produção em várias fábricas "para evitar a propagação do vírus". O Ministério Público de Paris abriu uma investigação sobre o ataque.
A companhia ferroviária pública alemã também foi afetada. Embora os painéis das estações tenham sido hackeados, a Deutsche Bahn certificou que o ataque não teve nenhum impacto no tráfego. Segundo a empresa de segurança informática Kaspersky, a Rússia foi o país mais atingido. Os meios de comunicação russos afirmam que vários ministérios, assim como o banco Sberbank, também foram atacados.
O centro de monitoramento do Banco Central russo "detectou uma distribuição em massa do software daninho do primeiro e segundo tipo", revela um comunicado do Banco Central citado pelas agências de notícias russas. As autoridades americanas e britânicas aconselharam os particulares, as empresas e organizações afetadas a não pagarem os hackers, que exigem um resgate para desbloquear os computadores infectados.
O NHS britânico tentou neste sábado tranquilizar seus pacientes, mas muitos deles temem o possível caos, sobretudo nas urgências médicas, já que o sistema de saúde pública já estava à beira da ruptura. Na sexta-feira, nas redes sociais foram compartilhadas imagens de dezenas de telas de computadores do NHS que mostravam pedidos de pagamento de 300 dólares em bitcoins com a menção: "Ooops, seus arquivos foram encriptados!". O pagamento deve ser realizado em três dias, ou o preço duplica. Além disso, se a quantidade não for paga em sete dias, os arquivos hackeados serão eliminados, afirma a mensagem.
Embora a Microsoft tenha lançado neste ano uma atualização de segurança para esta falha, muitos sistemas ainda devem ser atualizados, disseram investigadores.
Segundo a empresa Kaspersky Lab, um grupo de hackers chamado Shadow Brokers divulgou o vírus em abril alegando ter descoberto a falha da NSA.