Pâmela da Silva, 21 anos, deu à luz seu segundo filho em um banco que fica do lado de fora do Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre, na madrugada de terça-feira passada. Moradora de Guaíba, ela entrou em trabalho de parto e foi trazida para a Capital por seus pais, já que não há maternidade em Guaíba.
A família foi direto ao Hospital Fêmina, referência em saúde da mulher, mas afirma ter sido informada por um guarda que não havia vaga. Em seguida, buscou atendimento na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, na Região Central. A cena se repetiu. Um guarda teria informado aos três que não tinha permissão para abrir os portões e que só gestantes que fazem o pré-natal na instituição poderiam ser atendidas ali.
– Eu fiquei desesperada, disse que o bebê estava nascendo e que não íamos conseguir chegar em outro lugar – contou Carla Schmitt, mãe de Pâmela.
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Com a insistência da família, o vigia abriu o portão e permitiu que eles entrassem. Estavam buscando uma cadeira de rodas para tentar levar Pâmela a um quarto, mas não houve tempo.
– Eu disse que não conseguia mais caminhar, o bebê estava nascendo. Eu pedi para me deitarem em algum lugar – relembra Pâmela.
Medo
Carla pediu ao marido, Osvaldo Schmitt, que colocasse seu casaco sobre um banco no lado de fora do hospital. Pâmela se deitou no local enquanto uma enfermeira era chamada para ajudar.
– Foi só o tempo de a enfermeira chegar para segurar ele nos braços, foi muito rápido – explica a avó do bebê.
Callebe da Silva nasceu às 5h da manhã de terça-feira, com 3,8kg e 52cm. Logo depois do parto, mãe e filho foram conduzidos para uma sala de recuperação.
– Tenho amigas de Guaíba que também estão grávidas. Estão falando comigo apavoradas, por medo de acontecer o mesmo com elas _ finaliza a mãe de Callebe.
Contraponto
A Santa Casa esclarece que orienta os funcionários a atenderem somente gestantes que fizeram pré-natal no hospital quando a UTI Neonatal está superlotada. Mas em casos de emergência, como o de Pâmela, o atendimento deve ser feito.
A prefeitura de Guaíba informou que a cidade está finalizando um novo hospital na cidade com maternidade e bloco cirúrgico. A administração ainda tem de fazer ajustes exigidos pela Vigilância Sanitária. O órgão afirmou que, em casos de emergência, o hospital da cidade pode realizar o parto, mas que as condições não são adequadas.
Em nota emitida para a RBS TV, o Hospital Fêmina explicou que todas as pacientes que chegam à emergência são acolhidas e avaliadas pela equipe médica e de enfermagem. Em caso de lotação, a gestante é encaminhada para outro hospital. Em nota, a instituição informou que "não consta registro no sistema do Hospital Fêmina de atendimento" a Pâmela.
* Produção: Alberi Neto