Estradas e rodovias
Na tarde desta sexta-feira, duas manifestações movimentaram o centro de Porto Alegre, durante a greve geral, convocada por centrais sindicais e entidades de classe contra as reformas do governo de Michel Temer – principalmente, a trabalhista e a da Previdência. Na parte da noite, o último ato em Porto Alegre acabou em confronto entre a Brigada Militar (BM) e manifestantes que iniciaram focos de incêndio, picharam paredes e depredaram contêineres e a fachada de uma concessionária de veículos.
Pela manhã, mesmo com decisão judicial que obrigava a circulação de 50% do sistema em horários de pico, ônibus não saíram das garagens e trens não circularam pela Trensurb. Vias públicas foram bloqueadas. Em diversas rodovias, houve queima de pneus e bloqueios totais.
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No primeiro ato da tarde, manifestantes – entre eles servidores públicos, trabalhadores da iniciativa privada e integrantes de centrais sindicais – se reuniram no entorno do Largo Glênio Peres, no centro da Capital. Em seguida, percorreram a Avenida Júlio de Castilhos até o Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa.
A caminhada foi tranquila e sem combate com a polícia. No caminho da passeata, as ruas da Região Central registraram problemas no trânsito devido a bloqueios, o que congestionou as vias do local.
No fim da tarde de sexta, o grupo se concentrou no Largo Zumbi dos Palmares, onde o ato caminhou para o fim, com a dispersão da maioria dos manifestantes.
Durante todo o ato, as ruas do centro da Capital registrava baixo fluxo de pedestres. Os ônibus continuaram não saindo das garagens e nem os trens voltaram a circular. Muitos funcionários não conseguiram chegar ao trabalho devido a falta de transporte público. A maioria das escolas públicas municipais da Capital não funcionou nesta sexta.
Por volta das 18h, perto do fim do primeiro protesto da tarde, um novo ato começou a se formar na Esquina Democrática. Após ganhar mais adeptos, o grupo seguiu em passeata pela Avenida Borges de Medeiros em direção ao bairro Cidade Baixa. Durante a passeata, alguns integrantes do movimento – utilizando máscaras para cobrir o rosto – picharam o patrimônio público, como o Viaduto Otávio Rocha. Em um certo momento, a moto de um agente da EPTC foi derrubada por um manifestante:
O momento mais tenso deste protesto aconteceu entre 19h e 20h, quando houve vários confrontos entre manifestantes e BM. No cruzamento das avenidas Ipiranga e Erico Verissimo, os policiais soltaram bombas de gás lacrimogêneo. O cruzamento foi isolado. Na sequência, os manifestantes seguiram em direção à Avenida Azenha e queimaram três contêineres, picharam frases de efeito na fachada de um shopping, arrancaram e queimaram tapumes que isolavam a frente de uma concessionária.
Na esquina da Rua Sebastião Leão com a Avenida João Pessoa, houve novo confronto, e o grupo dispersou. Alguns ainda tentaram depredar agências bancárias da região, mas foram impedidos pelos policiais. A Brigada Militar considerou que a situação estava controlada por volta das 20h15min.
Os serviços durante a greve geral
Ônibus
Mesmo com a determinação da Justiça, que exigia a circulação de ao menos 50% da frota durante o horário de pico, as linhas de ônibus de Porto Alegre seguiram fora de funcionamento durante a greve geral e seguem sem sair das garagens. A expectativa é de que os coletivos voltem a circular entre a madrugada e o início da manhã desta sábado.
Trensurb
Assim como no caso dos ônibus, estava previsto que 50% do sistema da Trensurb funcionasse normalmente nesta sexta-feira durante o horário de pico, mas depois que manifestantes invadiram trilhos, a Trensurb suspendeu as atividades durante a manhã. Durante a tarde, uma nova tentativa de retomada foi frustrada. O serviço segue sem operar.
No início das manifestações, mais de 20 obstruções foram registradas. Trânsito voltou ao normal em todo o Estado por volta das 19h desta sexta-feira. O único local que seguiu bloqueado parcialmente até mais tarde foi o trecho da RS-030, em Osório. O local foi desobstruído em seguida. No momento, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), não há registro de bloqueios em rodovias do Rio Grande do Sul.
Comércio
Conforme o Sindilojas, a greve geral teve impacto negativo no comércio de Porto Alegre. Em pesquisa realizada pelo sindicato, 75% dos estabelecimentos registraram queda no movimento. A pouca procura, em função da paralisação do transporte público, já impactou em redução de 61,7% no faturamento do dia, de acordo com o levantamento do sindicato. Alguns funcionários também tiveram dificuldade de chegar no trabalho por causa das manifestações que bloquearam importantes vias de acesso. Pelo menos 60% dos trabalhadores faltaram ao serviço em virtude dos bloqueios.
Escolas
Em Porto Alegre, apenas 13% das escolas municipais funcionaram durante greve geral. Das 99 escolas da rede municipal de ensino, apenas cinco funcionaram parcialmente, e outras oito realizaram atividades de formação até o fim da tarde desta sexta, segundo a Secretaria Municipal de Educação (Smed).
Na rede de ensino privado, 106 das 753 instituições, entre escolas e faculdades, optaram por não manter as atividades nesta sexta-feira. Em Porto Alegre, apenas 28 das 250 escolas de educação básica – ensinos fundamental e médio – paralisaram os serviços, conforme o Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe-RS).
*Zero Hora