Por decisão do ministro do STF Edson Fachin, o pagamento de propina a políticos gaúchos nas obras da Terceira Perimetral será investigado pela Procuradoria da República do Rio Grande do Sul. Segundo depoimento do ex-diretor de desenvolvimento de negócios da Odebrecht, João Borba, a empreiteira pagou R$ 119 mil a "agentes políticos locais", em contrapartida à quitação de faturas do contrato que estavam em atraso.
Os repasses teriam sido feitos em 2004, em duas parcelas: uma de R$ 90 mil e outra de R$ 29 mil. E-mails interceptados pela Lava-Jato mostram o então presidente da construtora, Marcelo Odebrecht, autorizando o pagamento a personagens identificados pelos codinomes "Animal" e "Três".
Nas mensagens trocadas entre 24 e 26 de março de 2004, Borba comunica a Benedicto Júnior, executivo da empreiteira, que "finalmente fechamos a perimetral". Ele diz que a última fatura paga à empresa correspondia a R$ 1,84 milhão e solicita "cumprimento do acordo". Os pagamentos deveriam ser efetuados no dia 12 de abril de 2004, sendo R$ 29 mil para Animal, a serem entregues em São Paulo, e R$ 90 mil para Três, cujo repasse deveria ocorrer em Porto Alegre.
O e-mail foi reencaminhado à hierarquia da construtora. Vinte e oito minutos após recebê-lo, Benedicto o repassou a Marcelo e a Isaías Ubiraci Santos, envolvido na confecção das planilhas e das requisições de pagamentos do setor de propina da empresa. A resposta do presidente viria dois dias depois, 26 de março, às 12h30min. Com um lacônico "ok", Marcelo Odebrecht autoriza a operação. O dinheiro foi entregue a "Três" pelo doleiro Antônio Cláudio Albernaz Cordeiro, operador da empreiteira para pagamentos realizados na Capital.
Uma das mais importantes vias da Capital, passando por 20 bairros, a Terceira Perimetral foi inaugurada em 2006. A Odebrecht participou da construção de dois trechos, que somam 4,5 quilômetros. As obras foram realizadas entre 28 de dezembro de 2000 e 2 de março de 2003, a um custo de R$ 22,27 milhões.
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