Para fortalecer a busca por mercados internacionais, o governador José Ivo Sartori assinou nesta segunda-feira acordo de cooperação com Mendoza, na Argentina. A partir do convênio, avalizado pelo governador da província, Alfredo Cornejo, e vigente por três anos, o Rio Grande do Sul passa a construir, com empresários de diversos setores, parcerias para alavancar as exportações e a troca de experiências.
– O acordo é um marco nas relações bilaterais entre os dois Estados, pois se baseia em amplo debate sobre cooperação econômica, técnica e institucional – diz Sartori.
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Conforme o governo do Estado, o objetivo do acordo é colocar o Rio Grande do Sul na vitrine para oportunizar novos negócios, gerando emprego e renda.
– O documento dá a legalidade, o aspecto legal. Vamos nos unificar para ocupar outros mercados, porque não se pode pensar em um acordo bilateral do ganha e perde, assim não se consegue chegar a lugar algum. O objetivo é ver aquilo que é importante para o Rio Grande do Sul, mas também é necessário nos somarmos para ocupar novos mercados que precisam de qualidade e de escala – explicou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco, integrante da comitiva gaúcha.
No primeiro dia de compromissos oficiais, Branco apresentou as potencialidades das 52 mil indústrias gaúchas e as oportunidades de negócio no Estado. Na ocasião, o governo de Mendoza também evidenciou as qualidades das empresas da província.
As conversas entre Rio Grande do Sul e regiões do país vizinho começaram no ano passado, na primeira vez em que Sartori foi a Argentina em missão oficial. Nesta segunda-feira, para se iniciar a parte prática da negociação, empresários gaúchos, representados em parte pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), mostraram à iniciativa privada argentina com o que podem contribuir. Os mendocinos também expuseram aos brasileiros as características de suas indústrias.
Como há um déficit na balança comercial entre Estado e Argentina, os gaúchos compram mais do que vendem, a expectativa da Fiergs é de tentar equilibrar a equação.
– Hoje, existe uma disparidade muito grande. Enquanto importamos US$ 1,9 bilhão, exportamos US$ 1,3 bilhão. Ou seja, temos uma diferença na balança comercial significativa. O Rio Grande do Sul tem justamente setores extremamente competitivos, indústrias muito fortes que têm realmente qualidade para atender e aumentar as exportações – disse a vice-presidente da Fiergs, Maristela Longhi.
Nesta terça-feira, a comitiva gaúcha vai a Posadas, em Misiones, para selar o segundo acordo da viagem. A partir das 9h30min, um seminário bilateral será composto por mesas que discutirão assuntos temáticos, como ambiente, agricultura, turismo e trabalho. O foco, desta vez, é no ambiente e na geração de energia renovável. Sartori volta a Porto Alegre nesta terça-feira noite.
DIÁRIO DE MENDOZA
DESERTO?
Apesar do clima de deserto, a cidade de Mendoza é bastante arborizada. De acordo com o governo mendocino (APURAR O GENTÍLICO CORRETO), todas as árvores da cidade foram plantadas pelo homem, não havendo vegetação nativa na região. Para irrigar as plantas nas ruas, canaletas foram instaladas próximas ao cordão da calçada. É por ali que a água proveniente do derretimento das geleiras dos Andes passa para umidificar as raízes.
OPOSIÇÃO
Integrante da comitiva de Sartori, o deputado Luis Fernando Mainardi (PT) acompanhou a agenda do governo na Argentina. Ao receber duas garrafas de vinho de presente do governador de Mendoza, Alfredo Cornejo, Sartori percebeu que a marca de um dos rótulos era "El Gran Enemigo". Cercado pelos parlamentares Mainardi e Frederico Antunes (PP) e por Cornejo, o governador adiantou, com um sorriso no rosto:
– El Gran Enemigo. Essa eu vou dar pro Mainardi.
O deputado petista levou na brincadeira.
CO IRMÃOS
Incentivador da aproximação de Mendoza e Rio Grande do Sul, o cônsul geral da Argentina em Porto Alegre, Carlos Garcia Baltar, percebeu que um acordo seria possível devido às semelhanças entre as duas regiões. Para ele, há muita possibilidade de um trabalho em conjunto, já que as economias são parecidas. Assim como no RS, Mendoza é conhecida pela produção de vinhos, oliveiras, frutas secas e processadas. Também são parecidos na indústria metalomecânica.
– O governo de Mendoza, independentemente dos governos estaduais, sempre investiu na integração com o Brasil – exaltou o cônsul.
CADÊ O SUCO?
O Instituto Brasileiro do Vinho também discutiu as possibilidades de parcerias com Mendoza, conhecida produtora da bebida. Carlos Raimundo Paviani, diretor de relações institucionais do Ibravin, percebeu que não há suco de uva nos supermercados de Mendoza:
– Eles não desenvolveram o mercado interno para isso. Produzem suco de uva concentrado e exportam para outros países.
A falta causou surpresa entre os integrantes da comitiva e indicou uma oportunidade de negócio para os gaúchos, que agora estudam uma forma de inserir o suco no comércio da região.
ALÔ, MINISTRO
Antes de ir até a Casa de Governo de Mendoza assinar o termo de cooperação, Sartori atendeu a um telefonema do ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho. Na ligação, Helder prestou solidariedade aos atingidos pelo forte vento em São Francisco de Paula e perguntou para o governador se deveria vir ao Rio Grande do Sul. Sartori informou que a defesa civil ainda contabilizava os estragos e que as questões mais rápidas seriam resolvidas pelo Estado, mas que também precisaria do socorro do governo federal em relação à infraestrutura.
QUADRO DE VINHO
No domingo à noite, logo depois que chegou em Mendoza, o governador José Ivo Sartori e a comitiva gaúcha foram recebidos por artistas e integrantes do governo local na casa da cônsul geral do Brasil, Eliana Puglia. Na ocasião, Sartori recebeu de presente um quadro desenhado à mão e pintado com vinho. Brincando, o governador agradeceu o mimo:
– Agora, quando chegar em casa e não tiver mais vinho, já sei onde procurar.
Gargalhadas foram ouvidas depois do comentário.