Mais de dois meses depois do acidente que matou Cristiane Flores e feriu gravemente Nilandres Lodi e Gean Matos, na madrugada de Réveillon em Ingleses, em Florianópolis, as polícias de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul seguem sem pistas do paradeiro do gaúcho Jeferson Rodrigo de Souza Bueno, 29 anos, indiciado pela Polícia Civil por homicídio doloso qualificado, lesão corporal grave e lesão corporal gravíssima por atropelar as vítimas.
Além de policiais catarinenses e gaúchos, a polícia do Paraná também auxilia nas buscas a Bueno, que conduzia um Camaro quando atropelou três pessoas nas primeiras horas de 2017. O mandado de prisão preventiva contra o acusado está cadastrado no banco de dados nacional. Se ele for abordado em qualquer lugar do país o mandado tem que ser cumprido.
Responsável pelo caso em Santa Catarina, o delegado Eduardo Matos admite que a Polícia Civil não sabe onde Bueno "possa estar". Sobre uma eventual negociação com a defesa do acusado para que ele se apresente à Justiça, disse que não há nada nesse sentido.
– O advogado disse várias vezes que havia essa possibilidade, porém ela nunca se concretizou. Essa apresentação tem que partir dele – explica Matos, para dizer que se Bueno for preso fora de Santa Catarina "provavelmente ele será recambiado para cá".
Já o delegado Fernando Pires Branco, da Polícia Civil de Sapiranga, onde a família de Jeferson tem uma empresa do ramo de metalurgia, também diz não ter nenhuma pista de onde Bueno esteja. Em relação ao trabalho conjunto com a polícia catarinense, Branco afirma que conversou com o delegado Matos em janeiro e ficou de repassar ao catarinense qualquer informação a respeito da localização de Bueno.
– Eu falei para ele que qualquer novidade que chegasse ao nosso conhecimento, eu repassaria para eles. Mas, não tivemos contatos posteriores. Não me passaram nada ainda sobre onde ele (Bueno) possa estar – destaca Branco.
A reportagem entrou em contato com a JCR Metais, empresa especializada na produção de metais para segmentos como calçados e bolsas, da qual Bueno é apontado como sócio proprietário, apesar de sua defesa negar. Por lá, um funcionário disse que não via Bueno há bastante tempo e garantiu não saber onde ele está.
Em novembro de 2015, O site da Câmara de Vereadores de Sapiranga, no Rio Grande do Sul, apresenta Bueno e seu irmão, Roni Cesar de Souza Bueno, como empresários da cidade, donos da JCR Metais, que vinham mantendo conversas com representantes do Executivo e Legislativo de Sapiranga.
Inquérito que indiciou Bueno foi recebido nesta quarta-feira pelo MPSC
O inquérito que indiciou Bueno chegou na tarde desta quarta-feira ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). A peça foi encaminhada ao promotor Andrey Cunha Amorim, titular da 37ª Promotoria de Justiça de Florianópolis.
Será dele a responsabilidade de avaliar o inquérito para decidir se denuncia Bueno, assim como resolver se mantém os crimes oferecidos no indiciamento, já que esses, como a questão do dolo, por exemplo, não estão vinculados à denúncia, que pode optar por outras conclusões.
Em 11 de janeiro, o promotor Andrey se manifestou pelo indeferimento do pedido de revogação da prisão de Bueno. A decisão, na época, foi uma derrota para a defesa do condutor.
O acidente
Bueno atropelou Cristiane Flores, 31 anos, que morreu no local, o esposo dela, Nilandre Lodi, 36 anos, que teve as duas pernas amputadas, e Gean Mattos, 22 anos.
O motorista conduzia um Camaro com placas de Sapiranga, no Rio Grande do Sul (RS), onde morava e é sócio proprietário da JCR Metais, empresa especializada na produção de metais para segmentos como calçados e bolsas.
Por volta das 3h, o carro invadiu a calçada em frente à loja RMS Auto Som, na rodovia Armando Cali Bulos. Nilandre é proprietário do estabelecimento e retornava com a esposa para a casa da família, que fica nos fundos do local. Lá, familiares e os filhos, uma menina de 13 anos e um menino de 5, os aguardavam.
Antes de atingir as três pessoas, o Camaro bateu em um Audi e numa Hilux. Nilandre e Cristiane eram de Passo Fundo (RS) e estavam juntos há 8 anos, três deles morando em Florianópolis.
Advogado diz que não sabe quando vai se entregar
O advogado Ademir Costa Campana, que defende o motorista do Camaro, não soube dizer se Bueno pretende se entregar à Justiça. Falou que mantém contato com seu cliente, e que ele estaria no Brasil. Diz que Bueno não é empresário e foi demitido por justa causa na empresa em que trabalhava por ter se ausentado por mais de 30 dias.
Sobre o fato de seu cliente ter fugido do local do atropelamento, explica que Bueno existem depoimentos dentro dos que afirma que Bueno chegou a esperar 20 minutos, pediu para pessoas ligarem para o socorro, mas saiu porque "estava com medo de ser espancado" por populares.
– O erro dele foi não ter se apresentado na delegacia no domingo, porque ele ficou em choque ao ver os corpos lá no chão.