Para promover mudanças no preocupante quadro da segurança pública de Porto Alegre, a sociedade civil precisa fazer elos com órgãos públicos, seguindo o modelo da parceria da iniciativa privada com a Brigada Militar anunciada na tarde de quarta-feira. Esta foi a posição defendida pelo novo secretário de Segurança da Capital, Coronel Kleber Senisse, durante entrevista na manhã desta quinta-feira ao programa Gaúcha Atualidade.
De acordo com Senisse, o acordo firmado entre empresários, prefeitura e governo do Estado no dia anterior – na qual concessionárias se comprometeram a consertar mais de 100 viaturas estragadas da BM –, é um exemplo de como diferentes setores podem trabalhar juntos para otimizar e aprimorar a segurança da Capital.
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– A ideia foi verificar em quais pontos a prefeitura e sociedade podem ajudar a questão da segurança pública, ver onde a BM e a Polícia Civil precisam de aporte. Nós pegamos modelos pontuais, em que a comunidade participa efetivamente desta questão, e a transformamos em algo estratégico para Porto Alegre.
Na parceria firmada, dezenas de empresários concordaram em ceder mão-de-obra e peças das concessionárias para as 112 viaturas que não estão em atividade. Nenhuma contrapartida será oferecida às empresas.
– Não existe qualquer vinculo de responsabilidade. Eles estão trabalhando voluntariamente para ajudar a diminuir o tempo de resposta para a população, pois hoje há uma inércia nos atendimentos pela falta de veículos.
Em média, brigadianos chegam a ocorrências graves em 50 minutos, enquanto o atendimento para chamadas de menor potencial demora uma hora. A ideia é diminuir esse tempo para 25 minutos. Ainda segundo Senisse, esta é uma primeira etapa de um projeto maior. Em um segundo momento, os empresários apresentarão um programa de manutenção das viaturas, para que permaneçam operando nas ruas da Capital a longo prazo.
Pichadores devem ter punições mais efetivas
Questionado sobre o fato de o Mercado Público ter amanhecido nesta quinta-feira com as paredes cobertas por pichações, Senisse destacou que, durante sua gestão, pretende otimizar as punições modificando a forma como os processo são encaminhados:
– Atualmente, o pichador é levado pelo guarda municipal, assina um termo circunstanciado e é liberado junto com o guarda que o apresentou. Precisamos transformar esse termo em um inquérito ou algo mais forte. Temos que avaliar a questão da legislação.
De acordo com o secretário, dos 46 pichadores de prédios públicos e privados presos no ano passado, nenhum foi responsabilizado criminalmente ou pagou multa administrativa até agora.
Sobre o fato de uma empresa privada fazer a segurança do Mercado Público e não ter impedido a ação dos vândalos, o secretário preferiu não se posicionar:
– Vamos verificar o que houve e onde o elo da segurança falhou, mas ainda não tenho como chegar a nenhuma conclusão – finalizou.