A Justiça do Rio Grande do Sul atendeu pedido que garante auxílio financeiro para Nilandres Lodi, um dos sobreviventes do acidente que matou Cristiane Flores, 31 anos, na madrugada de 1º janeiro, na Praia dos Ingleses, em Florianópolis. O juiz João Marcelo Barbiero de Vargas, da 3ª Vara Cível da Comarca de Passo Fundo, decidiu que o suspeito de ser o motorista do veículo que atingiu as vítimas, Jeferson Bueno, 29 anos, deverá fornecer mensalmente o valor de dois salários mínimos, que visam garantir a alimentação da família. Os depósitos deverão acontecer até o dia 10 de cada mês, enquanto a decisão estiver em vigor.
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Nilandres Lodi, marido de Cristiane, teve as duas pernas amputadas após o atropelamento. Ele ficou 25 dias internado em um hospital de Florianópolis. No momento, ele se recupera na casa de sua mãe, em Passo Fundo. Na colisão, o outro atropelado, Gean Matos, 22 anos, amigo do casal, teve traumatismo craniano e uma lesão em um dos pulmões. Ele já está caminhando e não corre risco de morte.
Bueno deve começar a pagar a indenização a partir do momento que receber a intimação da Justiça. Como ele segue foragido, a defesa de Lodi prepara recurso para garantir que a decisão seja publicada por meio de edital. Dessa maneira, ela entraria em vigor no momento de sua publicação.
Para justificar a medida, o magistrado cita que Lodi é o único responsável pelo sustento de sua família, visto que a mulher dele foi morta no acidente. O filho do casal tem apenas cinco anos.
"O pedido de alimentos provisionais merece deferimento, diante da incapacidade que acomete o autor Nilandres em razão do acidente, único provedor da família, diante do falecimento da sua esposa no mesmo evento, mormente pelos cuidados que necessitam este e seu filho de apenas cinco anos de idade", afirma o magistrado no documento.
Ainda na liminar, o juiz determina a restrição dos veículos registrados em nome de Bueno. O foragido também deverá liberar o acesso à sua última declaração de bens e rendimentos.
Segundo Carlos Kadziola, um dos advogados que atuam na causa de Lodi, a restrição dos automóveis – um deles é o Camaro envolvido no atropelamento – visa impedir que Bueno venda os bens para tentar fugir de eventuais indenizações:
– Essa medida impede que o foragido transfira esses bens para terceiros para tentar fugir de possíveis indenizações. Um dos veículos é o Camaro que teve perda total e o outro tomamos conhecimento de que está no nome dele e quitado – explicou Kadziola.
Quanto ao pedido para ter acesso aos rendimentos de Bueno, os representantes da vítima justificam que apenas dessa maneira vai ser possível identificar o real patrimônio do suspeito para fins indenizatórios. Até o momento, apenas os dois veículos foram identificados como bens de Bueno.
– Caso ele ainda tenha vínculo com a empresa da família, o valor de dois salários mínimos deverá ser descontado diretamente da folha dele. Em um primeiro momento suspeitava-se que ele fosse sócio do negócio, mas descobrimos que ele era funcionário – disse.
O magistrado não deferiu duas solicitações dos advogados. Eles pediam o bloqueio de todos os cartões em nome de Bueno e de seu saldo no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Defesa culpa outro motorista pela tragédia
Procurado por ZH, o advogado de Jefferson Bueno, Ademir Campana, disse que a defesa ainda não foi intimada sobre a decisão liminar. Campana teve acesso ao processo por vias digitais e afirmou que só vai tomar alguma medida após ler e estudar completamente o teor do documento e receber a intimação da Justiça.
Campana segue defendendo a hipótese de que o motorista de outro veículo envolvido no acidente seria o verdadeiro causador do atropelamento coletivo. O defensor não descarta a hipótese de Bueno se apresentar à polícia após a conclusão de perícia complementar realizada nesta semana.
– Temos muita esperança que esse laudo será favorável a nós. Temos a certeza de que o motorista do Audi (outro carro envolvido no fato) foi o causador dessa fatalidade. Vamos tentar chamar ele para dentro do processo. Estudamos também cobrar que o Estado de Santa Catarina seja responsabilizado pelo acidente, porque faltava sinalização na via – disse Campana.
Campana também afirmou que futuramente vai destacar que as vítimas têm parcela de culpa no caso, pois estariam estacionados em cima da calçada em local proibido, conforme as leis de trânsito local:
– Temos convicção de que eles (vítimas) estavam estacionados em local irregular. Isso comprova que eles têm parcela de culpa no acidente. Se eles não estivessem ali, o carro teria atingido apenas objetos – defende.
*Zero Hora