É com muito esforço que a dona de casa Lisiane Lobato Nunes, 38 anos, empurra a cadeira de rodas do marido, o auxiliar de topografia Luis Henrique da Luz Pinto, 43 anos, para fora de casa. Morando em uma baixada, é um desafio subir até o nível da rua, no Bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre.
Há um ano, a vida da família virou de cabeça para baixo. Após uma agressão, Luis teve traumatismo craniano e perdeu o movimento das pernas, além de ter a parte cognitiva afetada e passar por traqueostomia para poder respirar. Desde então, Lisiane vem lutando para que o marido tenha um tratamento adequado, para que possa voltar a caminhar.
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Após seis meses de espera, Luis conseguiu vaga na AACD para fazer fisioterapia. Mas ainda não conseguiu o transporte social e, sem ele, não tem como ir à instituição. Sem poder trabalhar para cuidar de Luis e com duas filhas para sustentar, Lisiane e a família vivem apenas com o auxílio-doença do marido. Por este motivo, não tem condições de pagar transporte particular. Com a demora, teme perder vaga na AACD.
– Entrei com o pedido para a AACD e o transporte ao mesmo tempo para não correr riscos. A terapia dele começa em março e ainda não sabemos como ele irá. Estou desesperada – apela Lisiane.
Acessibilidade
Luis quase não sai de casa, pois mora em local de difícil acesso, com muitas ruas desniveladas, lombas e buracos. O tratamento na AACD está previsto para duas vezes por semana. Se fosse pagar particular, Lisiane teria que desembolsar R$ 280 por mês.
– Não temos este dinheiro, e a Secretaria da Saúde não nos dá uma posição sobre o transporte. Às vezes, quando preciso levar ele em algum lugar, tiro dinheiro da comida – diz Lisiane.
Sem nenhum tipo de acessibilidade, a adaptação de Luis em casa tem sido complicada. A residência não tem rampa na porta, os corredores são apertados e o banheiro não é adaptado.
– A gente se vira, mas é complicado. Há poucos dias, eu fui subir a lombinha aqui da frente de casa com ele e nós dois caímos. Não esperávamos por nada disso, mas aconteceu e agora só quero que ele tenha uma vida melhor, com seus direitos garantidos – diz Lisiane.
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Sem prazo para atender Luis Henrique
A Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre informa que o transporte social é avaliado conforme a prioridade dos pacientes, e que o número de vagas é inferior à demanda. Por isso, é necessário priorizar alguns pedidos em detrimento de outros.
A SMS salienta que "o fluxo de solicitação e atendimento está sendo revisto, e que está estudando a otimização dos recursos para atender à maior quantidade de pacientes possíveis".
Luis, segundo a secretaria, "terá sua situação regulada". Não foi informado quando ele passará a contar com o serviço.
Produção: Shállon Teobaldo