Potencial colaborador da Lava-Jato e uma das principais autoridades do governo do Uruguai no combate à corrupção, o Secretário Nacional de Luta contra a Lavagem de Dinheiro do país, Carlos Díaz, morreu na noite de sábado. O corpo dele foi encontrado boiando na piscina de casa, em Punta Del Este.
A Justiça uruguaia está realizando várias perícias para descobrir as causas da morte, mas informações preliminares apontam que ele sofreu um enfarte fulminante. Colegas de trabalho dizem que Díaz, um ex-fumante de 69 anos com histórico de problemas cardíacos, ocupava um cargo estressante e vinha manifestando sinais de cansaço nos últimos dias. O corpo não apresentava sinais de violência.
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- Os primeiros indícios apontam para um ataque cardíaco - disse uma fonte do Judiciário uruguaio.
Díaz se aproximou das autoridades brasileiras nas últimas semanas, a partir da costura de acordos de cooperação com a Procuradoria-Geral da República. O objetivo era ajudar nas investigações da Lava-Jato. Ele estava disposto inclusive a a facilitar o acesso dos procuradores brasileiros às instalações e ao acervo do órgão uruguaio.
Pelo menos dois personagens da Lava-Jato já tiveram contas bancárias secretas bloqueadas no país: o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB). No cargo desde 2010, Díaz esteve à frente de inúmeras investigações contra o crime organizado.
Crítico do epíteto de "Suíça latino-americana" imposto ao país, considerado um paraíso fiscal graças às regras bancárias flexíveis para abertura de contas e off shores, ele defendia a adoção de leis mais duras e de uma maior transparência nas movimentações financeiras praticadas em território uruguaio.