Depois de o governo do Espírito anunciar um acordo para que os policiais militares voltassem ao trabalho às 7h deste sábado, as mulheres dos PMs não saíram da frente dos batalhões. Elas garantem que o movimento que reivindica reposição salarial não terminou.
– Não houve acordo – resumiu Ordilene Martins, esposa de um PM.
Na manhã deste sábado, os três acampamentos na volta do quartel do Comando Geral da PM, em Vitória, seguem com esposas e filhas de policiais sentadas em cadeiras e debaixo de toldos. Os piquetes impedem a saída de viaturas e homens fardados. Até o momento, não há prazo o fim da greve que já dura uma semana.
O governo do Estado e quatro associações da PM comunicaram na sexta-feira o acordo para encerrar a paralisação, considerada um motim. Pelos termos negociados, os policiais que retomassem o trabalho até as 7h não sofreriam punições administrativas. Já no caso dos 703 PMs indiciados por revolta, os processos seguiriam.
A proposta também não previa a reposição salarial de 47% para a PM, pleito das mulheres. O governo se comprometeu a discutir ao final de abril a possibilidade de aumento, desde que haja margem para o investimento sem desrespeitar a lei de responsabilidade fiscal. De fora do acordo costurado na sexta, as mulheres criticaram a posição das associações.
– Eles não representam as esposas dos policiais – afirma uma das participantes do movimento.
– O governador (Paulo Hartung) que venha conversar com a gente. Vamos esperar um ou dois meses se for preciso – disse Carmen Pesse, esposa de um PM.
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O governo capixaba ainda não se posicionou sobre o descumprimento do prazo. Uma reunião está prevista na residência oficial do governador, em Vila Velha. Neste sábado, virão à região metropolitana de Vitória o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é uma comitiva de ministros: Defesa (Raul Jungmann), Gabinete de Segurança Institucional (general Sergio Etchegoyen), Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy) e Justiça (José Levi, interino).
O número de pessoas assassinadas no Espírito Santo subiu para 137 neste sábado, 11, dia seguinte do anúncio feito pelo governo do Estado de um acordo com associações da Polícia Militar. O total de homicídios em oito dias de motim já superou o registrado durante todo o mês de fevereiro do ano passado (122). Os dados são do Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol/ES).