Em abordagem na noite da última sexta-feira no Largo da Estação Férrea, bairro São Pelegrino, em Caxias do Sul, as forças de segurança pública encontraram 15 facas em 24 táxis. A blitz, que ocorre todos os finais de semana no local de maior movimentação noturna da cidade, também flagrou 13 condutores sob influência de álcool, mas nenhum foi preso por atingir índice superior a 0,33 mg/l de álcool por litro.
A apreensão das armas brancas ocorre num momento de tensão entre taxistas e motoristas do Uber. O aplicativo ainda não está regulamentado em Caxias. Na semana passada, mais de 100 parceiros do Uber lotaram o Plenário da Câmara de Vereadores do município para relatar situações de perigo e constrangimento que vêm enfrentando, principalmente à noite.
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Os profissionais cobram segurança e alertam que há o risco real de incidentes graves. Denúncias contra taxistas foram encaminhadas aos vereadores. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara vai levar as queixas ao Ministério Público (MP) e pedirá a abertura de inquéritos contra os acusados.
– Recebemos uma informação de que um taxista estaria incitando outros a investir contra motoristas do Uber. Por isso, parte da operação (de sexta-feira) foi direcionada para coibir possíveis ataques. Eles (taxistas) não foram presos porque a arma branca não exige porte – afirma o secretário municipal de Segurança, José Francisco Mallmann.
A ação prejudica a imagem dos taxistas, que terão, a partir da próxima sexta-feira, dia 3 de março, um aplicativo próprio que oferecerá descontos aos passageiros. O presidente do sindicato da categoria, Adail da Silva, lamenta a postura de alguns colegas, e pede que eles sejam punidos:
– Não pode acontecer. É meia dúzia e esses caras têm de pagar, não podem continuar denegrindo a imagem de todos. Estamos tentando fazer com que eles abracem a ideia de atender bem e baiar o preço, e tem uns esfriando. É triste.
Na sexta-feira passada, o MP encaminhou à prefeitura um ofício com propostas para evitar novos conflitos entre táxis e Uber. A principal, de acordo com o promotor Adrio de Paula Gelatti, é ampliar a presença de servidores da Guarda Municipal em pontos considerados críticos, como a Estação Férrea, o aeroporto e a rodoviária.
– Sabemos que a presença da guarda ou mesmo dos fiscais de trânsito inibem os conflitos. A ideia é pedir que o município faça um estudo dos pontos com maior necessidade e avalie colocar mais servidores para evitar novos episódios de acirramento – disse Gelatti.