Correção: Tancredo Neves morreu no dia 21 de abril de 1985, e não três dias depois de ser hospitalizado, como ZH havia informado até as 7h30min desta sexta-feira.
A morte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki na queda de um avião no litoral do Rio de Janeiro na tarde desta quinta-feira inundou a internet de suspeitas de que não teria sido apenas um acidente. Devido à tarefa que desempenhava como relator dos processos relacionados à Operação Lava-Jato na Corte, redes sociais e comentários de leitores em portais de notícias foram tomados por postagens com suposições e afirmações de que a aeronave foi de alguma forma derrubada.
A desconfiança foi alimentada até por quem trabalha na Operação Lava-Jato. Em seu perfil no Facebook, o delegado Marcio Anselmo, da Polícia Federal em Curitiba, escreveu um texto em que foi além de expressar a sua consternação com a morte de Teori.
"Agora, na véspera da homologação da colaboração premiada da Odebrecht, esse 'acidente' deve ser investigado a fundo", diz um trecho do post, com a palavra relacionada à queda do avião entre aspas.
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As teorias conspiratórias, de anônimos a personalidades, apontam as suspeitas para todos os partidos e empresários envolvidos na Lava-Jato, que nas próximas semanas teria episódio marcante com a homologação das delações de executivos da maior empreiteira do Brasil. Para os internautas, seria muita coincidência tratar-se de apenas uma fatalidade. As teses são reforçadas por episódios que vitimaram outros políticos, como Tancredo Neves, hospitalizado na véspera em que tomaria posse como presidente do Brasil, que seria em 15 de março de 1985. Tancredo morreu mais de um mês depois, no dia 21 de abril. Outro caso recente citado é a queda do avião em que estava o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), em plena campanha presidencial, dia 13 de agosto de 2014.
A lembrança de uma postagem no Facebook do filho de Teori, Francisco Prehn Zavascki, também serviu de combustível para as suspeitas de trama criminosa para sabotar o avião. Em 26 de maio do ano passado, Francisco parecia referir-se a ameaças por atingidos pela Lava-Jato. "É óbvio que há movimentos dos mais variados tipos para frear a Lava Jato. Penso que é até infantil imaginar que não há, isto é, que criminosos do pior tipo (conforme o MPF afirma) simplesmente resolveram se submeter á lei! Acredito que a Lei e as instituições vão vencer. Porém, alerto: se algo acontecer com alguém da minha família, vocês já sabem onde procurar... Fica o recado!"", escreveu Francisco, sem apontar quem seriam os suspeitos.
O coordenador do curso de Comunicação Digital da Unisinos, Daniel Bittencourt, observa que esse fenômeno de viralizar versões é da natureza das redes sociais.
– Os algoritmos têm o poder de massificar essas mensagens, porque a tecnologia é programada para encontrar quem concorda com o nosso ponto de vista. Com uma mensagem influenciamos 20 pessoas, que, por sua vez, influenciam mais 20, e isso vai se amplificando – diz.
Bittencourt lembra que as pessoas, mesmo sem serem especialistas nos mais variados temas, já costumavam expor seus pontos de vista sobre os todos os assuntos, mas antes essas impressões ficavam restritas aos círculos de relacionamento mais próximos. Internet e redes sociais, acrescenta, somente multiplicaram o poder de repercussão.
No Twitter, o músico Lobão foi direto ao ponto: "APAGARAM O TEORI!". A advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, também usou a ferramenta para não descartar um simples acidente. "Tem que investigar a queda do avião, sim! Queremos investigação transparente, feita por equipe formada por membros de vários órgãos", tuitou. O vereador paulistano Eduardo Suplicy (PT) foi outro a pedir o esclarecimento do caso. "É importante que as causas do acidente de Teori Zavascki sejam apuradas", escreveu no Twitter.