Não é de hoje que empresário Eike Batista está na mira das investigações da Lava-Jato. Foi em outubro de 2015 que o nome do então bilionário apareceu pela primeira vez na operação, por meio de delações premiadas que o indicavam como um dos envolvidos em propinas para licitações da Petrobras.
Oito meses depois, em junho de 2016, o empresário procurou voluntariamente o Ministério Público Federal para oferecer seu testemunho. Ele contou sobre uma reunião, em 2012, com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Brasília. Segundo Eike, o Mantega teria pedido, a sós, em seu gabinete em Brasília, o pagamento de R$ 5 milhões para quitar dívidas de campanha.
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Os detalhes da negociação teriam sido discutidos posteriormente entre Monica Moura, esposa do marqueteiro João Santana, e advogados do empresário. De acordo com Eike, o dinheiro foi transferido para o exterior. Ele se comprometeu, então, a entregar documentos que comprovassem o teor do depoimento.
Foi em meados de setembro do mesmo ano que Eike apresentou ao Ministério Público Federal (MPF) do Paraná documentos que, segundo ele, comprovavam esse encontro com Mantega. O resultado da conversa entre Batista, advogados e procuradores veio à tona logo depois, em 22 de setembro, com a deflagração da 34ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de "Arquivo X".
Mantega, que foi preso nesta fase da operação e solto no mesmo dia, negou a versão de Eike sobre o encontro e disse, por meio de seus advogados, que "jamais tratou com o senhor Eike sobre contribuição de campanha, sobre pagamento de despesas eleitorais".
Segundo a defesa, o empresário, por já ser investigado pela Lava-Jato, teria procurado o MPF para tentar uma espécie de "delação premiada informal" com o objetivo de escapar da prisão. A estratégia parece não ter dado certo.
Em 26 de janeiro de 2017, a agentes da Polícia Federal foram à casa de Eike Batista, no Rio de Janeiro, para cumprir um mandado de prisão preventiva como parte da Operação Eficiência, um desdobramento da Lava-Jato.
O empresário, que não estava em casa quando a polícia chegou, é acusado de pagar propina para conseguir facilidades em contratos com o governo, quando governador era Sérgio Cabral. De acordo com seu advogado, ele está viajando mas irá se entregar à polícia assim que retornar.