O velório do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki será no prédio do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), no bairro Praia de Belas, em Porto Alegre. O pedido foi eleito pela família por ser o local onde ele começou a carreira, e foi confirmado, por volta do meio-dia desta sexta-feira, pela assessoria de imprensa do Tribunal.
A definição da data e do horário do velório ainda depende da liberação do corpo, que foi resgatado durante a madrugada e levado ao Instituto Médico Legal (IML) de Angra dos Reis.
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Presidente em exercício do TRF4, o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores atendeu prontamente ao pedido da família. No entanto, aguardava a negociação com o STF, que, em princípio, realizaria uma cerimônia de despedida para o ministro em Brasília. Acertado pelos órgãos que o velório ocorrerá na capital gaúcha, a decisão sobre quem poderá ter acesso ao Plenário do TRF4 caberá à família Zavascki.
Apego sentimental ao TRF4
Um dos filhos do ministro, o advogado Francisco Zavascki disse à Rádio Gaúcha, na manhã desta sexta-feira, que a escolha do local tem a ver com a história profissional e sentimental do pai – que nasceu em Faxinal dos Guedes, Santa Catarina.
– É o prédio que ele inaugurou quando foi juiz do TRF e é onde ele construiu, começou a carreira como magistrado. Tenho certeza que se tivesse que escolher um lugar, ali ele se sentiria em casa – afirmou Francisco.
Colega de Teori na época em que trabalharam como advogados do Banco Central e, depois, no TRF4, a desembargadora Marga Barth Tessler confirma o apego emocional que o ministro tinha com o Tribunal.
– Ele participou do projeto de construção e, na gestão dele como presidente, a nova sede foi inaugurada. Ele que nos levou para lá. Foi culminante – lembra a magistrada sobre o momento em que o TRF4 deixou a Rua Mostardeiro, em frente ao Parcão (onde hoje é a sede da AGU), e passou a ocupar o número 300 da Rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, um ponto mais central da Capital.
Quanto à inauguração do imponente prédio com bordas arredondadas e vidros escuros, realizada no dia 16 de dezembro de 2002, Marga lembra que a cerimônia seguiu o perfil do então presidente:
– Não foi uma grande uma festa, porque o Teori não era um homem de festas. Foi uma cerimônia muito solene, mas muito simples.
A desembargadora lembra, ainda, do momento em que o colega teve de recusar uma cadeira como juiz federal. Em 1979, ele foi aprovado e nomeado no concurso nacional – na época, era uma prova única no país, não como hoje, que é por região – , mas não tomou posse.
– A magistratura sempre foi o sonho dele. Mas naquele ano, ele já tinha os três filhos, estava comprando uma casa própria. Ele colocou na ponta do lápis e não conseguiria pagar tudo, então decidiu ficar no Banco Central, porque pagava mais. Isso deixou ele com lágrimas nos olhos, me lembro muito bem – lembrou Marga.
Dez anos depois, Teori realizou o sonho ao ser nomeado pelo presidente da República como desembargador do TRF4 em vaga destinada a membro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ele assumiu o cargo no dia 30 de março de 1989, data em que foi inaugurada a sede que até hoje o Tribunal e integrando a primeira composição da corte regional.
Como outros colegas já manifestaram, a desembargadora elogiou o profissional que Teori Zavascki foi: "um excelente presidente, muito bom administrador, conciliador e preparado". Ela concorda que ele merece ser velado no prédio que ajudou a erguer.
Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), cuja presidente, ministra Carmen Lúcia, avalizou que a despedida ocorra em Porto Alegre, não em Brasília, atendendo à família Zavascki. Um diretor do STF está em Angra dos Reis acompanhando os trâmites legais e, quando o corpo for liberado, deve ser divulgado o horário e o local do velório, assim como do sepultamento.