Fogão, máquina de lavar, armários e sofás sujos de lama à beira da estrada são uma lembrança do tamanho da enxurrada que invadiu os municípios de Rolante e Riozinho, no Vale do Paranhana, na semana passada. De volta às residências, as 300 famílias desalojadas pela cheia contabilizam as perdas e contam com a solidariedade dos vizinhos para retomar a rotina.
Depois de participar de rápida audiência com o presidente Michel Temer, os prefeitos das duas cidades saíram com a promessa de agilidade na homologação do decreto de situação de emergência, uma exigência para liberação de recursos federais. Antes disso, porém, é necessário que os municípios apresentem uma estimativa dos prejuízos causados pela chuva.
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A expectativa dos moradores era de que o presidente desembarcasse na localidade de Alto Rolante após sobrevoar a região atingida e anunciasse ajuda financeira extra. Mas os dois helicópteros da comitiva seguiram direto para Esteio, onde Temer fez a entrega de 61 ambulâncias ao governador José Ivo Sartori. Os prefeitos de Rolante, Ademir Gonçalves (PDT), e de Riozinho, Valério Esquinatti (PMDB), que aguardavam a chegada presidencial em um campo de futebol improvisado como pista de pouso, precisaram se deslocar até Canoas. O encontro foi realizado pouco antes do presidente embarcar de volta a Brasília.
– Estamos trabalhando com a Emater para fazer o levantamento de todos os danos causados. Sabemos da perda de pelo menos oito pontes, mas ainda não temos estimativa de valor. Até o final de terça-feira saberemos informar – afirmou Esquinatti.
No encontro, o secretário estadual de Saúde, João Gabbardo dos Reis, anunciou o pagamento de recursos atrasados para área. Serão liberados R$ 500 mil a Rolante e R$ 240 mil a Riozinho.
Quelita Santos Machado, que vive no interior de Riozinho, teve praticamente todos os móveis levados pela enxurrada. Três dias depois, ainda tem dificuldade de acesso à residência. O excesso de lama cobriu a estrada e obriga a agricultora a caminhar até a pequena propriedade. O trabalho de uma retroescavadeira ajuda na limpeza do caminho, mas, para Quelita, o mais importante é a solidariedade dos vizinhos:
– Foi um tsunami que passou por aqui. Agora é colocar a mão na massa e reconstruir.