Com a chegada do verão, o movimento nas estradas de Santa Catarina, principalmente sentido litoral, aumenta até 20%. O crescimento deve ser de até 100% hoje e amanhã em função da virada do ano. Diante da perspectiva de engarrafamento, alta concentração de veículos nos principais trechos e pouco investimento em manutenção das rodovias, volta o debate sobre a necessidade de duplicação. Hoje, das quatro principais rodovias federais, apenas a BR-101 tem pista dupla. As obras na BRS 280 e 470 estão atrasadas e foram esticadas para 2019. Já a 282 não foi contratada ainda e está sem prazo.
Segundo o inspetor regional Adriano Fiamoncini, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), estas rodovias são as que apresentam a maior variação de volume de tráfego entre dezembro e março. Ele informa que essas rodovias ficam ainda mais saturadas durante a temporada de veraneio e recomenda paciência aos motoristas, já que as pistas são simples em três delas.
Embora já tenham obras contratadas, as duplicações da BR-470 e da BR-280 têm se arrastado em função da crise econômica nacional. No Vale do Itajaí, os trabalhos estão suspensos até o dia 10 de janeiro em função do movimento de final de ano. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a atual projeção é de que as duplicações das duas rodovias fiquem prontas apenas daqui a dois anos. Isso se não houver novas restrições financeiras.
Quem utiliza a BR-101 na Grande Florianópolis também sofre com os congestionamentos porque o contorno viário tem previsão de ficar pronto apenas em 2019. Com aproximadamente 50 quilômetros de extensão, o desvio deve retirar a frota de veículos pesados do trecho urbano da região metropolitana da Capital e aliviar o trânsito, em especial no verão. Sobre a BR-282, o DNIT afirma que estudos apontam a necessidade de duplicação dos trechos entre Águas Mornas e Palhoça, além do trajeto entre Campos Novos e São Miguel do Oeste. Na Grande Florianópolis, a obra deverá incluir um contorno da cidade de Santo Amaro da Imperatriz e deve ser contratada em 2017.
No Norte, a duplicação da BR-280 faz parte de um pacote dividido em três lotes, que vai do km 0,7 ao km 74,58, em Jaraguá do Sul. No entanto, o Lote 1 (até o km 36,7), não foi iniciado mesmo três anos depois da autorização para as obras começarem. O motivo é o valor baixo de recursos disponibilizados – este trecho precisa de R$ 305 milhões (cálculo de 2014) – licitado para que a empresa Construcap dê início às intervenções. É necessário também fazer desapropriações ao longo deste trecho: a empresa Sotepa realizou levantamentos para elaboração dos processos de desapropriação de 500 propriedades e o relatório geral de valores foi repassado para aprovação no setor de desapropriações do DNIT, em Brasília. O projeto também prevê a construção de 19 viadutos. No lote 2.1, entre Araquari e Guaramirim, até agora foram executados 16,2% do previsto e, no 2.2 (até Jaraguá), onde será feito o contorno rodoviário, os trabalhos estão em 17,2%. Em 2017, este trecho receberá R$ 80 milhões para a realização da obra, considerado abaixo do necessário para que a construções dos dois túneis no Morro do Vieira, em Jaraguá, ocorra com capacidade total de funcionários e equipamentos.
Picos estão previstos para o fim da tarde e início da noite
Para o Réveillon, a expectativa da PRF é de que longas filas se formem nas principais estradas litorâneas do Estado. O pico do movimento deve ocorrer na sexta-feira, no sentido praias, e domingo, no sentido interior.
– Como o feriado caiu no domingo (dia 1º), as pessoas deixam para viajar nessas duas datas – diz o inspetor regional da PRF, Adriano Fiamoncini.
Segundo o Autopista Litoral Sul, o movimento pode crescer em até 100% nesse período, com até 67 mil veículos por dia transitando na estrada, no caso do trecho de Araquari.
Embora não haja horários para ocorrerem os congestionamentos – em especial em trechos críticos da BR-101 como o da Grande Florianópolis e entre Itajaí e Itapema – algumas dicas podem ajudar na tentativa de evitar transtornos. A primeira delas, segundo a PRF, é evitar pegar a estrada entre o fim de tarde e o começo da noite, quando há um pico de movimento. Além dos traslados em função do trabalho, nessas horas também há muitas pessoas se deslocando nas saídas das praias ou entre cidades costeiras.
– O melhor horário para viajar no verão é pela manhã: há menos movimento e a temperatura também está mais agradável – diz o inspetor.
Caminhoneiro há 11 anos, Ilário Luiz Kadamus conhece na prática esses atalhos. Ele percorre toda semana o trecho catarinense da BR-101 transportando medicamentos entre Curitiba e Porto Alegre e costuma iniciar sua viagem no fim da noite, justamente para evitar o maior fluxo de veículo. Mesmo assim, não se vê livre dos congestionamentos, em especial nos trechos de Palhoça e Itajaí.
– Eu viajo de noite e a viagem costuma levar 12 horas, mas, no verão, pode levar 14 ou até 16 horas – diz Kadamus.
O paranaense, no entanto, aponta melhoras para os motoristas nos últimos anos. Segundo ele, a liberação do principal gargalo no trecho sul da BR-101 tem evitado engarrafamentos. A entrega da segunda ponte sobre o Rio Tubarão e a finalização dos acessos ao Morro do Formigão, no fim de setembro, fizeram com que todo o trecho entre Osório (RS) e Palhoça agora tenha duas faixas em cada sentido. Apesar disso, Kadamus alerta para um trecho curto, perto do acesso às praias da região sul de Palhoça.
– No Morro dos Cavalos, como não tem acostamento, ainda é um pouco precário, pois qualquer batidinha gera uma longa fila.
Confira no mapa os principais pontos de atenção