O secretário de Segurança Pública do Estado, Cezar Schirmer, afirmou ao Diário de Santa Maria que, além das buscas à quadrilha que aterrorizou os moradores de São Sepé durante o assalto a duas agências bancárias, o Estado também já está cobrando que os bancos reforcem a segurança nas suas unidades. Schirmer disse que já teve três reuniões com as direções de bancos, nos últimos meses, e que, se eles não tomarem nenhuma atitude, ele e secretários de Segurança Pública de outros Estados vão cobrar do Ministério da Justiça uma nova lei obrigando as instituições bancárias a reforçarem o aparato de segurança nas agências. Confira a íntegra da entrevista:
Diário – A polícia tem pistas dessa quadrilha?
Schirmer – Fui avisado às 3h da madrugada (deste sábado) e já estamos trabalhando para identificar e prender essa quadrilha. Um helicóptero foi acionado para fazer as buscas. Esses criminosos fazem qualquer coisa. Não é apenas apenas o assalto para pegar dinheiro. Eles transformam a população em reféns, explodem até o prédio inteiro. São criminosos organizados que não têm mais nenhum senso de limite. Além do interesse financeiro, querem chamar a atenção pelo espetáculo, agridem para aterrorizar. Não é um problema só de São Sepé ou do Estado, mas em todo o país. Até bandido tem limite, eles se autoimpõem um limite. Mas esses extrapolaram qualquer limite. Sequestraram pessoas, deram tiro para tudo o que é lado.
Diário – O que a Secretaria de Segurança está fazendo para tentar evitar assaltos violentos como esses, em que bandidos usam até fuzis?
Schirmer – Eu já estive tratando com os bancos, para que eles assumam a responsabilidade na segurança dos seus estabelecimentos. Porque os bancos têm lucros extraordinários no país e não fazem nada em favor da segurança deles próprios e das pessoas do seu entorno. Ou eles colocam segurança 24 horas ou eles vão participar também do financiamento da segurança que a polícia e a Brigada têm de fazer. Porque não é apenas o prejuízo financeiro. Tem esse exemplo de São Sepé, recentemente também no Norte do Estado um brigadiano foi morto. Em Arroio dos Ratos, houve também problema com a população (durante assalto a banco). Então, os bancos têm de assumir a sua responsabilidade.
Nessa crise financeira que está o país, com a escassez de recursos, os lucros dos bancos são extraordinários, o juro do cartão de crédito é de 481% ao ano. Os bancos não são receptivos e dizem "Ah, isso é problema da Segurança". Não, não é problema da Segurança.
Ou eles entram para o jogo e colocam segurança 24 horas, ou então nós vamos ter de proibir caixa eletrônico. É muito cômodo para o banco colocar o dinheiro ali, disponível no caixa. Com esses juros indecentes que eles cobram, e esses lucros indecentes que eles têm, eles deviam ser mais zelosos pela população e pelos seus clientes.
Diário – O senhor está cobrando de que forma?
Schirmer – Eu tive três reuniões com vários bancos exatamente nesta direção. O banco deixa o dinheiro ali, sem nenhuma segurança. É um atrativo para os criminosos. E o risco da população? E o risco dos moradores dos prédios que são explodidos? Então, o banco têm de assumir essa responsabilidade. Por exemplo, por que eles não adotam nos caixas eletrônicos que, diante de qualquer atentado, as cédulas imediatamente sejam incineradas, ou manchadas com tinta e sejam inutilizadas? Essa tecnologia já está disponível. Ou os bancos coloquem alguém dentro das agências com segurança 24 horas.
Diário – E se os bancos não tomarem nenhuma atitude?
Schirmer – Esse é um assunto que eu estou tratando aqui, mas que outros Estados também está tratando. Nós vamos falar com o Ministério da Justiça para criar uma legislação obrigando os bancos a tomarem medidas. Na verdade, isso aí, muitas vezes, eles não assaltam os bancos só pelo dinheiro, mas também para pegar as armas que os bancos têm e que são usadas pelos seguranças durante o dia. Essas armas ficam no banco. Como o banco deixa o dinheiro ali, com apenas um vidro separando os caixas eletrônicos da rua? Aí fica a segurança correndo atrás e a população correndo o risco.