A manifestação contra a PEC do teto dos gastos públicos – aprovada em segundo turno no Senado na tarde desta terça--feira – , e o pacote de ajuste financeiro proposto pelo Piratini no mês passado terminou em confronto entre manifestantes e a Brigada Militar (BM) na noite desta terça-feira em Porto Alegre. A concentração começou por volta das 18h no centro da Capital, onde sindicatos, servidores estaduais e estudantes se reuniram na Esquina Democrática. Cerca de uma hora depois, os participantes do ato seguiram em caminhada pela região central da cidade.
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As avenidas Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros e Salgado Filho, e as ruas Dr. Flores e Riachuelo fizeram parte do primeiro trajeto percorrido pelos manifestantes. O ato seguiu pacífico até por volta das 19h, quando um grupo pequeno de mascarados atirou pedras contra uma agência bancária na Avenida Salgado Filho. Os mesmos indivíduos depredaram uma agência do Banco do Brasil na Borges de Medeiros.
O Batalhão de Choque da BM investiu contra os manifestantes na Rua Riachuelo, quando a passeata ia em direção à Praça da Matriz. Bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo foram atiradas contra o participantes do ato. Alguns indivíduos revidaram jogando pedras contra os policiais.
A maior parte dos participantes do protesto dispersou por volta das 19h30min após a ação da BM. Contêineres de lixo, agências bancárias e um prédio da CEEE foram depredados.
Um grupo de manifestantes foi para a Cidade Baixa, onde um novo confronto com a BM foi registrado por volta das 20h30min na Rua Venâncio Aires. Novamente, contêineres de lixo foram vandalizados e queimados. O protesto acabou por volta das 21h no encontro das ruas Lima e Silva e República.
Protestos à tarde
Pelo menos três categorias – professores, policiais civis e técnicos-científicos – paralisaram as atividades e só devem voltar a cumprir jornada normal de trabalho após a votação dos projetos.
À tarde, na Praça da Matriz, os manifestantes gritaram palavras de ordem enquanto seguravam cartazes, romperam os gradis e se aproximaram da entrada da sede do governo. Para impedir uma eventual invasão, o Batalhão de Choque da Brigada Militar lançou bombas de efeito moral. Houve queima de papéis e de bonecos representando o governador. Revezando-se ao microfone em um caminhão de som, sindicalistas criticaram a maioria dos pontos do pacote, sobretudo a extinção de fundações e demissão de servidores, as mudanças no calendário de pagamento de salários e do 13º e o aumento da alíquota previdenciária.
– Até a votação, estaremos lutando contra isso. Estamos indignados – ressalta Isaac Ortiz, presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Polícia Civil (Ugeirm).
Havia a expectativa de que o pacote fosse a votação já na próxima quinta-feira. No entanto, por falta de acordo entre os líderes partidários, os deputados já projetam que as medidas só sejam apreciadas pela Assembleia na semana que vem.
A Praça da Matriz foi o ponto de confluência de três caminhadas dos servidores. Embora o local já esteja sendo usado como acampamento permanente pelos sindicalistas desde o anúncio do pacote, há três semanas, a tendência é de que a partir de agora a mobilização no local seja crescente até o dia da votação.
Durante a manifestação, a Assembleia manteve as portas fechadas ao público. Somente deputados, servidores da Casa e jornalistas tiveram permissão para entrar no prédio. Para tentar conter eventuais tentativas de invasão da Assembleia ou do palácio, o governo cogita usar homens da Força Nacional de Segurança no policiamento quando os projetos forem a votação.
*Zero Hora e Rádio Gaúcha