Os professores estaduais gaúchos decidiram, nesta quinta-feira (8), entrar em greve. A paralisação das atividades começa no dia 13, data em que está programada uma mobilização de diversas categorias estaduais, e segue até, pelo menos, a votação do pacote de medidas para tentar conter a crise financeira encaminhado pelo governador José Ivo Sartori à Assembleia Legislativa.
A decisão por maioria foi tomada em assembleia geral do Cpers, que ocorreu em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre. O espaço foi escolhido porque o tradicional local de assembleia dos professores, o Gigantinho, já estava reservado.
Representantes dos 42 núcleos regionais estiveram representados. Entre os itens mais contestados do pacote estão a extinção da licença-prêmio e o término da cedência remunerada de servidores para sindicatos. Além disso, os professores defendem a garantia do pagamento em dia do 13º salário e o fim do parcelamento salarial mensal.
"Ele (Sartori) quer que o trabalhador baixe a cabeça no primeiro grito do patrão", disse a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, em cima do caminhão de som, sobre as medidas encaminhadas pelo governador.
Carmen Fão, que é funcionária da escola Santa Eulália, de Pelotas, também defendia a greve.
"Parcelamento de salários, perda de direitos adquiridos. Uma vergonha. O professor não é valorizado. A educação, a saúde e a segurança estão um caos. Faltam professores e funcionários", disse.
O ano letivo de algumas escolas terminaria ao longo do mês de janeiro de 2017, em razão da greve de 54 dias ocorrida entre maio e julho deste ano. A paralisação da metade do ano foi motivada pelo parcelamento dos salários.
A greve no fim do ano letivo
A presidente do Cpers, Helenir Schürer, diz que cabe ao governador José Ivo Sartori decidir sobre a recuperação das aulas e a conclusão do ano letivo,
"Isso, depois, o governador vai ter que responder. Se ele não quiser que a gente entre em greve, ele resolva e retire o pacote".
Cada escola é responsável pelo cronograma do ano letivo, que precisa ter no mínimo 200 dias. Conforme a Secretaria estadual da Educação, a maioria das instituições terminaria as aulas no fim de dezembro. O secretário Luís Alcoba de Freitas espera que haja bom senso dos professores.
"Nós acreditamos que os professores não vão aderir ao posicionamento da categoria. Grande maioria das escolas termina o ano letivo em 23 de dezembro. Só seria prejuízo aos estudantes. Eles seriam os prejudicados. Acreditamos que vamos normalmente terminar o ano letivo."
Nota do Governo do Estado
1 - A medida é equivocada e inoportuna, visto que o ano letivo regular de 2016 se encerra em 23 de dezembro. A decisão tomada por parte da categoria prejudica diretamente a comunidade escolar, especialmente os estudantes concluintes do Ensino Fundamental, Médio e da Educação Profissional.
2 - O conjunto de medidas que será apreciado na Assembleia Legislativa busca reverter, no médio e longo prazo, o cenário de déficits sucessivos ao longo das últimas quatro décadas. O compromisso prioritário é atender especialmente educação, segurança, saúde, infraestrutura e áreas sociais.
3 - Acreditamos que a maior parte da categoria compreende o momento que estamos vivendo. Por isso, a Secretaria da Educação acredita que os nossos professores estaduais encerrarão o ano letivo na data prevista, em respeito aos alunos e à comunidade escolar.