O grande problema que a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) enfrenta na Região Metropolitana de Porto Alegre não é melhor combatido por interferência política. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quarta-feira (28), o presidente da companhia, Flávio Presser, destacou que para se fazer regularização do serviço em loteamentos clandestinos é preciso ter autorização de prefeitos, o que, muitas vezes, não ocorre.
"Essas pessoas não pagam água. E aí, quando você põe infraestrutura, provêm eles de um serviço que lhe garante água potável, boa, que não é a água embarrada que eles têm lá. Esses gatos têm 500 mil furos, têm uma perda de água de 50%. O consumo dobra e os caras não pagam. Obviamente que eles resistem. Isso tem efeitos políticos e muitas vezes a gente não é autorizado a fazer. Esse é um ônus que se tem", avaliou Presser.
Outro problema decorre da necessidade de se fazer mais investimentos. O presidente da Corsan citou o caso de Gramado, que tem capacidade para abastecer 210 mil pessoas, mas no domingo de Natal a população triplicou na cidade. Presser reconheceu que a companhia precisa se preparar para isso.
Ele voltou a citar o projeto de parceria público-privada (PPP) que está sendo analisado pelo governo. A ideia é que os nove maiores municípios da Região Metropolitana recebam investimentos privados de R$ 9 bilhões num contrato de 35 anos.
Sobre as constantes interrupções do serviço em municípios como Viamão, citou a "casualidade" de se ter dois rompimentos de adutoras em menos de um dia, o que atrapalhou a oferta do serviço no final de semana do Natal.
Presser destacou que a cor marrom da água que foi percebida em Canoas e Gravataí ocorreu por descuido operacional. Segundo ele, durante um conserto é possível que areia ou terra entrem na canalização. Além disso, citou que sais minerais grudam na tubulação e a inversão do fluxo d'água pode levar sujeira para dentro das residências. O presidente da Corsan disse já ter pedido aos responsáveis que haja mais cuidado na hora do religamento da tubulação após um período de obras.
Ele comentou ainda que é muito caro acionar geradores em estações de bombeamento quando falta luz. O custo dessas operações poderia fazer a tarifa aumentar. Por fim, disse que a Corsan teve lucro de R$ 136 milhões em 2016. Desse total, 25% foi repassado ao Governo do Estado, que é sócio majoritário da companhia. Essa quantia é estipulada em lei.