A exemplo do que aconteceu no primeiro dia de votação do pacote de medidas do Executivo, a segunda etapa de análise dos projetos, na Assembleia Legislativa, também teve confrontos entre servidores e policiais no entorno da Praça da Matriz, no centro de Porto Alegre. Pelo menos três embates foram registrados durante a tarde desta terça-feira.
Desta vez, não houve pedradas em direção aos policiais, mas rojões e foguetes. Bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral e disparos com armas de balas de borracha foram usados para conter os manifestantes, após sucessivas derrubadas dos gradis que faziam o cerco na região. Pelo menos seis pessoas ficaram feridas, sendo dois PMs e quatro servidores da Polícia Civil, ligadas à Ugeirm-Sindicato. Todos passam bem.
Leia também:
Acompanhe o segundo dia de votação do pacote de Sartori na Assembleia
Sessão do primeiro dia durou mais de 13h e teve três projetos aprovados
Por que a oposição tenta retardar a votação dos projetos?
O primeiro momento de tensão aconteceu cerca de 13h30min. Depois do aumento no número de pessoas, a pressão dos servidores com apitos, buzinas e discursos inflamados também ficou mais forte. Alguns servidores indignados subiram nos gradis, o que provocou a reação da Tropa de Choque. Gás, bombas e a cavalaria da BM ajudaram a dispersar os manifestantes. Os policiais também usaram balas de borracha.
– Utilizamos armas não letais. Foram usadas (armas com balas de borracha) porque, por vezes, o clima ficou mais tenso do que no primeiro dia. Teve um risco maior de confronto corporal entre as partes – explicou o coronel Mário Ikeda, comandante do policiamento de Porto Alegre.
O secretário Estadual de Segurança Pública, Cezar Schirmer, estava acompanhando a votação do pacote dentro da Assembleia enquanto os confrontos aconteciam do lado de fora do parlamento. À imprensa, fez uma avaliação sobre a conduta mais rigorosa dos policiais em relação ao primeiro dia:
– Foi feito com meu consentimento e com meu apoio. Por uma razão óbvia: o parlamento, o Poder Legislativo, é um dos pilares da democracia. Qualquer atentado ao parlamento é um atentado à democracia. Quem tenta invadir está atentando contra a democracia, contra a liberdade de decisão do parlamento. É inaceitável – justificou o secretário.
Após o primeiro confronto, houve um aparente hiato de tranquilidade. Policiais civis e militares chegaram a apertar as mãos, separados pelos gradis, em uma tentativa de acalmar os ânimos entre as partes. Servidores subiram no carro de som posicionado na praça para pedir "sensibilidade" aos PMs.
Aos poucos, porém, novos grupos de manifestantes chegaram ao Centro e o clima voltou a ficar tenso por volta das 17h. Novamente, a tropa reagiu com bombas após uma tentativa de invasão ao cerco de segurança. Nesse momento, um homem com o rosto encoberto, não identificado, começou a jogar pedras na polícia e foi retirado do local pelos próprios manifestantes.
– Aconteceram coisas lamentáveis. Quatro colegas nossos ficaram machucados. Duas mulheres atingidas por balas de borracha. Começou a chover bala de borracha para cima dos servidores. Foi uma coisa terrível. Usar bala de borracha é uma atitude criminosa – afirmou o presidente da Ugeirm-Sindicato, Isaac Ortiz.
Um novo confronto teve início cerca de 20h30min. A polícia usou bombas de gás e avançou com a cavalaria para dispersar os manifestantes. Uma jovem foi presa. Segundo a BM, ela teria jogado rojão contra oficial da cavalaria. Soldado e cavalo ficaram feridos.
*Zero Hora