Como parte das comemoração dos 30 anos do programa "Roda Viva", exibido pela TV Cultura, o presidente Michel Temer foi o convidado da edição especial exibida na noite desta segunda-feira. A "mais longa entrevista de Temer, desde que assumiu efetivamente o cargo" – como dito na abertura – teve a participação de seis jornalistas: o âncora do programa, Augusto Nunes; o coordenador-geral de jornalismo da TV Cultura, Willian Corrêa; o diretor de jornalismo do Grupo Estado, João Caminoto; o editor-executivo do jornal Folha de S. Paulo, Sérgio D'Ávila; a colunista do jornal O Estado de S. Paulo e comentarista da Globonews, Eliane Cantanhêde; e o colunista do jornal O Globo, Ricardo Noblat.
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Entre os tópicos, o que mais foi questionado ao presidente tem relação com a Operação Lava-Jato. As perguntas passaram tanto pela nomeação de políticos citados pelas investigações no alto escalão do governo, como o caso do senador Romero Jucá, até as citações ao próprio Temer em delações premiadas.
Com a característica diplomacia em resposta a perguntas espinhosas, Temer ressaltou o direito à defesa de investigados.
– No Brasil temos a tendência de pré-julgar e condenar os políticos investigados. – Deixem a Lava-Jato longe do governo, brincou Temer, ao que foi rebatido pela jornalista Eliane Cantanhêde:
– Difícil é a Lava-Jato deixar o governo em paz.
Ao reforçar seu compromisso em não se candidatar à Presidência em 2018, Temer afirmou:
– Quero ser conhecido como aquele que colocou o Brasil nos trilhos – explicando o motivo por não estar preocupado com seus baixos índices de popularidade.
Ao ressaltar as conquistas relacionadas a projetos importantes travados no Congresso, Temer salientou a boa relação do governo com congressistas – justificativa usada, inclusive, para se esquivar de várias perguntas. A relação entre Executivo e Legislativo também abriu caminho para Temer admitir aos entrevistadores ser a favor da mudança do sistema de governo no país para o parlamentarismo.
Uma das perguntas deixadas sem resposta foi a de quem seria a aposta de seu sucessor na Presidência. Ainda sobre as eleições de 2018, Temer defendeu que a existência de figuras de liderança não são imprescindíveis para exercer o poder:
– O povo não quer ideologia, quer resultados.
Sobre a crise dos Estados, com destaque para as dificuldades enfrentadas pelo Rio de Janeiro, afirmou que está discutindo com sua equipe econômica as alternativas para ajudar as unidades da federação que enfrentam problemas nas finanças, mas descartou uma intervenção federal no Estado fluminense.
No âmbito pessoal, contou como iniciou seu relacionamento com a primeira-dama Marcela e que está escrevendo um romance.
– O primeiro livro tem que ser alguma coisa da sua vida – revelando que a história deve ter relação com suas lembranças dos primeiros anos de vida quando morou em uma chácara em Tietê, no interior de São Paulo.
Outros temas
- Reforma da previdência: afirmou que pretende enviar o projeto até o final do ano;
- Reforma do Ensino Médio: defendeu a Medida Provisória como uma geradora de um debate qualificado sobre o ensino no país;
- Reforma trabalhista: salientou a inclinação, inclusive do Supremo Tribunal Federal, em aceitar o "acordado sobre o legislado" como forma de flexibilizar as relações entre empregadores e empregados;
- 'Legitimidade' popular: afirmou ter legitimidade constitucional e que que sem os votos do PMDB, Dilma não teria vencido a reeleição;
- Criminalização do Caixa 2: afirmou ser uma decisão do Congresso e que não pode interferir;
- Prisão de Lula: afirmou que, sim, poderia criar uma instabilidade, pois haveria movimentos sociais que questionariam a decisão do Judiciário.
*ZERO HORA