Uma das obrigações de um fotógrafo é registrar imagens (retratos) de seus contemporâneos. Certos indivíduos, pelo que fizeram, disseram ou até mesmo deixaram de fazer, marcaram seu tempo como se fossem monumentos vivos. Fidel Castro foi um deles. Estar diante de uma pessoa assim, com uma câmera na mão, é como estar em frente ao Coliseu, a Torre Eiffel ou a Estátua da Liberdade. É nosso dever acionar o obturador da máquina fotográfica para deixar nosso depoimento, por mais óbvio que seja, afirmando: Eu vi de perto, eu conheci! Eu reconheço!
Foi assim quando, em fevereiro de 1989, estive na Venezuela para cobrir a posse de Andrés Pérez como presidente. Havia forte expectativa de que Fidel chegasse, a qualquer momento, para a solenidade. A presença do cubano não era confirmada por razões de segurança, diziam. Quando todos convidados já estavam no amplo auditório do Teatro Teresa Carreño, em Caracas, Fidel Castro entrou, ovacionado e aplaudido de pé pela plateia lotada.
Na saída, sobre a passarela que ligava o teatro ao hotel, Fidel parou para acenar ao público que se concentrava na calçada. Foi minha chance, e não desperdicei. Mais tarde, estive, uma vez mais, diante dele numa audiência com Sarney. Alí, embora fossem apenas dois homens, Fidel parecia um gigante diante do brasileiro.