O anúncio do pacote de medidas para enfrentar a crise financeira foi recebido com consternação entre os servidores públicos no Rio Grande do Sul. Além do salário parcelado, as categorias têm no horizonte um futuro de sacrifícios nos vencimentos - o governo quer mudar a data de pagamento da folha do funcionalismo e retirar a obrigatoriedade do depósito do 13º salário até 20 de dezembro. As medidas de austeridade precisam ser aprovadas na Assembleia Legislativa antes de entrarem em vigor, mas se depender das entidades haverá dura resistência dentro e fora das galerias do parlamento gaúcho.
A proposta de José Ivo Sartori está sendo chamada por servidores de "Pacote de Maldades". O que mais enfurece o funcionalismo estadual é a falta de diálogo com a sociedade, que também é vista como desrespeito por certos representantes das entidades, e o "confisco" do benefício de fim de ano dos trabalhadores.
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Como o Rio Grande do Sul chegou ao fundo do poço
– Mais uma vez, o governo quer punir os trabalhadores. Joga a culpa nos servidores, sem respeito algum. Todas as questões desse pacote são discutíveis. Era necessário conversar com a sociedade. Não é possível jogar tudo no mesmo saco. É vergonhoso. E em meio a isso tudo os policiais estão trabalhando como nunca – afirma Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm, sindicato dos escrivães, inspetores e investigadores da Polícia Civil.
A categoria policial teme que, se aprovado, o pacote do Piratini possa agravar a crise que o Estado enfrenta na Segurança Pública.
– A cada vez, ele (Sartori) tenta tirar mais do serviço público. A crise na segurança vai se agravar, não há como melhorar. O governador deixou a Segurança Pública aos frangalhos. A cada medida que ele toma, contempla mais a criminalidade.
Ortiz afirma que as entidades de diferentes classes estão se organizando para protestar contra o governo estadual. Ainda não há data para as mobilizações, mas o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers-Sindicato) promete intensificar as manifestações e confrontar o Piratini.
– Estamos impressionados. O Rio Grande do Sul está paralisado e o governador quer gerar ainda mais desemprego e descapitalizar o Estado? O desmonte será enorme. É um monstro que já esperávamos, mas iremos nos organizar para derrubar o pacote – avisa Helenir Schürer, presidente do Cpers.
O presidente da Federação Sindical dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul (Fessergs), Sérgio Arnoud, ressalta o prejuízo pessoal dos trabalhadores ligados ao governo e critica as possíveis mudanças nos salários das categorias:
– Essas medidas vão apequenar o Estado e prejudicar a sociedade. Os servidores serão alvo de mais de mil demissões em um momento de desemprego e recessão. São famílias que ficarão jogadas ao limbo. E as tentativas de atrasar ainda mais os salários e confiscar o 13° salário são um verdadeiro atentado – salienta Arnoud.
* Zero Hora