O Ministério Público Federal (MPF) promoveu, nesta sexta-feira, um debate em Porto Alegre sobre as recentes ocupações estudantis no país e os direitos que envolvem os atos. O evento, realizado na sede da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, contou com cerca de 60 pessoas entre autoridades, servidores públicos e alunos de universidades do Rio Grande do Sul.
Paulo Gilberto Cogo Leivas, procurador regional da República, afirmou que o MPF está aberto a todas as posições, contrárias e a favor das ocupações:
– Defesa de direitos humanos muitas vezes significa defesa de posições contramajoritárias. O Ministério Público tem uma história de defesa das minorias. A população indígena, por exemplo. Mas estamos num num momento que assumir a defesa dos direitos humanos é assumir uma defesa política. Só que essa é uma visão inadmissível. O MP está aberto a todas as posições – declarou.
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A juíza federal Maria Inês Latorre leu uma nota da associação Juízes para a Democracia sustentando a legitimidade das ocupações estudantis e ressaltou a preocupação da categoria:
– Estamos preocupados com o que está ocorrendo, mas, ao mesmo tempo, confiantes de que há caminhos a serem disputados e que podem ser novamente conquistados. Que esse movimento não é apenas na esfera da educação, mas de toda a sociedade – disse.
Alguns estudantes falaram sobre intimidações e ameaças que têm recebido nas ocupações e criticaram a postura da Brigada Militar em determinados casos. Outros reforçaram a necessidade de ampliar o movimento.
– Precisamos disputar em todos os espaços, construir discursos qualificados e multiplicá-los... inclusive dentro das instituições, dentro da própria Justiça e do próprio MPF... depois da PEC 241, vem reforma da previdência, reforma trabalhista... precisamos qualificar nossa unidade. Não basta apoiar, temos de construir juntos os movimentos – afirmou Gabriela Fischer Armani, da ocupação Faculdade de Direito da UFRGS.
*Zero Hora