Ultimamente, andar pelas ruas de Porto Alegre não tem sido fácil para a moradora do Lami Geneci Maria Barela Porto, 48 anos. Há três anos, ela foi diagnosticada com paralisia facial e, por isso, sofre com contrações que repuxam a pele abaixo do olho direito e perto da boca. A situação atrai olhares curiosos que deixam a dona de casa constrangida.
– É muito feio. Todos perguntam o que é, e eu fico com vergonha – confessa.
Isso acontece sempre que ela passa por situações de estresse ou quando fica muito tempo sem fazer as aplicações de toxina botulínica (botox). O medicamento faz parte do tratamento para minimizar os sintomas da doença, que não tem cura.
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Geneci realiza aplicações a cada seis meses na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. No mês de outubro, ela passaria por um novo procedimento. No entanto, a demora para a liberação da dose pela Farmácia de Medicamentos Especiais está piorando o estado de saúde da dona de casa.
– Quando eu tento ler, meu olho contrai e não consigo enxergar. Também tenho muitas dores de cabeça – conta.
Mais uma vez Geneci explica que entregou a receita na Farmácia para a avaliação de um perito no dia 14 de setembro, quando foi informada de que a liberação deveria acontecer em até 30 dias. Contudo, sempre que liga para o local, recebe a resposta de que a perícia ainda não foi concluída.
Não é a primeira vez que o atraso da liberação do medicamento pela Farmácia Municipal impede que Geneci dê continuidade ao tratamento. Em março deste ano, ela passou pela mesma situação, e só conseguiu realizar o procedimento em maio – depois que o assunto foi tratado no Diário Gaúcho. Por causa da demora, o médico oftalmologista precisou abrir, de última hora, um espaço na agenda para conseguir atender Geneci.
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Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), "o processo da paciente foi reavaliado e deferido por consultor técnico da SES, estando o medicamento disponível para atendimento da paciente".
Quanto à rotina de reavaliação, a secretaria informa que "ela é imprescindível para manutenção dos tratamentos, constando em Protocolos Clínicos e sendo exigida pelo Ministério da Saúde. O processo funciona como a rotina de acompanhamento com o médico prescritor da usuária, que, mesmo tendo fechado diagnóstico, continua acompanhando a paciente regularmente."