Dentro de um saco plástico deixado junto à parede externa da Paróquia Santa Flora, em Porto Alegre, na quinta-feira, estavam quase todos os objetos furtados da igreja do bairro Cavalhada, na madrugada anterior. Faltavam apenas o ostensório de bronze com detalhes em ouro e o artefato de maior valor espiritual para aquela comunidade religiosa: o relicário com um fragmento de osso da santa. Porém, nesta sexta-feira, os dois objetos restantes foram devolvidos, mas sem o pedaço de fêmur.
– Foi muito bom, pois recuperamos quase tudo. Mas faltou o fêmur, que veio da França. Para essas pessoas (que furtaram), o objeto não tem valor algum, mas, para nós, tem. É um sinal da fé – lamenta o padre Alexandre Luiz Griebler.
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Os primeiros objetos foram encontrados na quinta-feira, após um homem ligar anonimamente para a paróquia dizendo ter identificado quem invadiu a sacristia e o obrigado a devolver o material. O padre, então, foi até o local indicado e encontrou, no pátio da igreja, o saco com alguns objetos. Havia também dois sinos e duas imagens – de Santo Antônio e do Sagrado Coração de Jesus – que não pertencem à paróquia. O padre acredita que tenham sido furtados de outras igrejas. Nesta sexta-feira, um morador do bairro entregou o ostensório de bronze e o relicário.
– Não falei direito com ele (o vizinho da igreja), mas parece que alguém deixou na casa dele. A tampa de vidro tinha sido aberta, e o osso retirado – explica Griebler.
O pedaço do fêmur foi obtido há 46 anos pelo padre Alfredo Hoff. Ele viajou ao sul da França, onde a santa viveu, e, em nome da Paróquia Santa Flora de Porto Alegre, conseguiu a doação da relíquia de cerca de três centímetros. Na Capital, um relicário de metal e vidro foi confeccionado para preservar o osso. Ele era conservado em um armário, dentro da sacristia. Nos dias especiais, ficava em exposição no altar.
Griebler acredita que os criminosos entraram na igreja pela torre do sino. A tarefa teria sido facilitada pela presença de andaimes, colocados na lateral do templo em razão de uma reforma em andamento no telhado. Depois de subir, eles quebraram uma lateral de tijolo vazado da torre e conseguiram acesso à nave. Atravessaram a igreja de uma ponta à outra para chegar à sacristia, onde realizaram os furtos.
O caso foi registrado na 13ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, sob responsabilidade do delegado Luciano Coelho.
– Estamos investigando, mas ainda não temos suspeitos – informa o delegado.